quinta-feira, 29 de março de 2012

A Onda e as Referências


Há muito tempo que procurava uma solução.
Queria deixar, para transmitir aos meus Netos, uma mensagem sobre o 25 de Abril, agora que Abril está próximo e que relembramos 38 anos depois de 1974.
Mas queria uma imagem, não queria um texto, não queria  uma narração com palavras atrás de palavras. 
Uma imagem diz mais, fica mais tempo, condensa um maior numero de informações ou juizos que um texto, mesmo se longo.

Encontrei, por fim.

Foi uma ONDA, uma maré que tomou força e se impos varrendo toda a resistência que possa ter acontecido. Uma onda que limpou o País, o solo, os ares e as mentalidades, da poeira bafienta, da falta de liberdade, do atrofiar de pensamentos e palavras que acabavam quase sempre retidas e recalcadas.

A imagem é, pois, de uma onda forte que se espraia, varrendo resistencias, alongando-se a todo o País. Como tudo na vida, a força,a memória e, sobretudo, o que importaria que fose guardado como referência para o futuro desta onda que mudou o rumo da história nacional há 38 anos atrás, em muito dependia da capacidade e vontade para nela encontrar as referências que pudessem sobreviver ao efeito de regressão, em força e amplitude, da onda que deu á praia na madrugada de 25 de Abril e que, um dia, haveria de perder a pujança da sua juventude.


É, hoje, a falta de memória das referências consistentes, dos Valores que estiveram na origem da quebra de contrato entre as Forças Armadas e Povo  de então e o poder politico, que dá força ao refluxo, ao esquecimento, ao retrocesso no plano da democracia, dos direitos e garantias dos cidadãos e ao crescer do desanimo que se instala em surdina nas mentes e nos corações e volta a deixar as gargantas secas mas desejosas de berrar um novo grito libertador que já se impõe.

A razão pela qual os inimigos da Liberdade,  os fanáticos de todos os fundamentalismos e do liberalismo doentio, não conseguiram até hoje fazer esquecer a importância da Revolução Francesa, foi porque ela foi feita suportada em Valores. E, desses Valores, Igualdade, Fraternidade e Solidadriedade,  foram construidas referências fortes que foram sendo avivadas e passadas de geração em geração. Até hoje.

Faltam, presentemente, na Sociedade portuguesa, as Referências aos Valores fundamentais em que se baseia a cidadania, a justiça, a vida democratica.
Atrevo-me a pensar e acreditar que, mais do que de meios financeiros, precisamos, com muita urgência, de Referências e de Valores.
Sem isso, tudo o que se consiga se esvai como um fumo pela porta grande da corrupção e da falta de vergonha.

Sem eles, voltando á ONDA  libertadora de 25 de Abril, a onda perde a força da pujança que teve quando se espraiava e tudo vencia. A onda, que já é água mole que se alonga e retrai em lento refluxo, rápidamente passa a uma leve espuma já escurecida que, hoje, sem ser por mal, nem por bem, qualquer pésito de uma criança das novas gerações, sem as referências e Valores de Abril, toca e faz desaparecer sem deixar rasto ou memória da força que lhe esteve na origem.

A situação actual é, a meu ver, grave e inimaginável pouco tempo atrás. 
Antes de Abril, o que não convinha á politica ou aos costumes, era ocultado. Muita coisa era censurada e impedia-se a discussão, a troca de ideias , o libertar do pensamento. Impedia-se que os escandalos passassem das tertulias cautelosas para a opinião publica, abafavam-se.
Hoje, podemos dizer que tudo se sabe, ou quase tudo. 
Os escandalos, a falta de vergonha, a corrupção e os desmandos fundados na falta de Valores, estão, semana após semana, nas primeiras páginas dos jornais e nas aberturas dos telejornais.
Só que, cada um, dura uma ou duas semanas e alimentam sucessivas vagas de venda de informação, de angustia colectiva, depressiva, e Nada Tem Consequências.
Nada é consequente. Apenas serve para fazer de conta.
É legitima a dúvida: afinal, o que seria melhor, ter um inimigo visivel, a censura e a ditadura ou este faz de conta que legitima todo o despudor?

Aos meus Netos  passo a certeza que atrás de tempos, tempos voltam e a Esperança em que as marés se renovam, o que agora parece espuma escura e suja, de novo terá que ser força viva de uma nova Onda rejuvenescedora de Esperança, de Valores e Alegria que tanto desejamos e queremos. também neste caso é preciso acreditar no poema de António Gedeão, o sonho comanda a vida.
Quando a vossa geração retomar os Valores e as Referências de que agora vos falo, entenderão bem o alcance e todo o significado da imagem que vos passo, a onda libertadora de uma alvorada que restituiu a Esperança á geração do vosso Avô.


Carlos Pereira Martins
30 de Maio de 2012




Carlos Pereira Martins designado na Plenária de Março para integrar terceira Missão a Moscovo

 (Parlamento Europeu visto do Edifício Jacques Delors/ Sede do C. Economico e Social Europeu - dia 29.Março.2012,  durante a reunião do GR3)


Na Plenária de Março do CESE,  que decorreu nos dias  28, 29 e 30  no Charles Magne / Comissão Europeia,  em  Bruxelas,  Carlos Pereira Martins  foi  designado para integrar a Missão a Moscovo/ Rússia que  decorrerá  de  24 a 28  de Maio  próximo.
Esta  será  a   terceira missão á Federação Russa  em  que  o  Conselheiro  português  participará,  incluindo
contactos  no Kremlin, com  a Camara Cívica, a Representação local dos Direitos Humanos   e  ONGs.
Esta  Missão  integrará  nove  Conselheiros  do  CES Europeu.
Carlos  Pereira Martins  tem  sido  particularmente  activo  tanto  nas  missões  á Federação Russa  como  á  Ucrânia,  com  a  Tripartida  ucraniana,  tendo  participado,  nos  últimos  anos,  igualmente  em  três  Delegações.


Nesta   mesma  Plenária,  Carlos Pereira Martins  foi  designado  para  participar na Islândia,  Reikjavick,
na  reunião  de  Conselhos Económicos dos Estados Membros Europeus,  de  1  a  5  de  Maio.

De  7  a  10  de  Junho,  participará  na reunião  do  GR3  do  CESE,  em  Sófia,  na  Bulgaria.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Colóquio com o Senhor Professor Adriano Moreira - A importância das ordens Profissionais na defesa dos Direitos dos Cidadãos e do interesse público



O Conselho Nacional das Ordens Profissionais organizou,         no dia 22 de Março,  no
Anfiteatro da Ordem dos Médicos, em Lisboa,  um  Colóquio proferido pelo Senhor Professor Adriano Moreira, subordinado ao tema " A importância das Ordens Profissionais na defesa dos direitos dos cidadãos  e  do  interesse público ".

Mais duas Assembleias Gerais do meu Clube - CF "Os Belenenses"

Mais duas AGs  do  meu Clube, a que tive a honra enorme de presidir, com características muito  diferentes.
Uma, dia 14 de Março,  agitada, quezilenta e que me deixou  triste.

Nessa  primeira, tive ao meu  lado, como Secretário da Mesa, o meu Filho,  o  que  me  redobrou a honra e a emoção.



Na segunda AG,  dia 20 de Março, tudo se passou  de  forma diferente. A discussão  foi  excelente, a participação e elevação do debate deixou  muito contentes todos os presentes, viveu-se um clima de fraternidade e acerto no objectivo comum a todos os presentes: "O Melhor para o Futuro do Belenenses".

Uma AG á imagem da grandeza do Belenenses!













Walkabout and daily lunch in Lisbon/ Parede (Lisbon seaside) - 21 March.2012

A very sunny day, good food, a nice restaurant just near the sea.
A way  to  destress  and enjoy the  portuguese weather  and food. 
 Hoje, dia 21 de Março, fui almoçar com a Familia á beira mar, á Parede.
 Uma  grande vantagem, ter o mar, o sol, boa comida sempre por  muito perto, para
quem vive  em  Lisboa,  direi  mesmo,  em  Portugal.





quarta-feira, 14 de março de 2012

Carlos Pereira Martins presidiu ao Parecer "Energy Education" e á Audição Pública, dia 12 de Março, em Bruxelas


Nota de abertura da Audição Publica,  proferida pelo Presidente:

Senhores Convidados, Senhores Conselheiros,  meus Senhores e minhas Senhoras ,
A Presidência dinamarquesa pediu ao CESE um parecer exploratório sobre a educação para a energia, uma questão de particular interesse para a sociedade civil. O Comité Económico e Social Europeu já tinha elaborado, em 2009, um parecer exploratório sobre o tema «Necessidades em matéria de educação e formação para uma sociedade da energia sem carbono».

Um esforço europeu comum no sentido de uma política energética sustentável não só requer um quadro jurídico muito sólido e estruturado e a sua aplicação eficaz, mas tem de contar também com a ampla participação, compreensão e aceitação de todos os cidadãos dos Estados-Membros. Por este motivo, é indispensável aumentar a sensibilização para o tema da energia.
Este Parecer e esta discussão  são  tanto  mais  oportunos quanto,  fruto  dos tempos de  crise  global com  que  nos defrontamos já há mais de três anos,  corremos  um  sério   risco  de  deixar para um  plano  muito secundário  questões  que,  antes,  se   colocavam já  com  uma  prioridade  muito  evidente. As  questões do ambiente  e  da Energia. Com  o  desenvolvimento  da  crise,  a  tónica e as prioridades colocam-se na obtenção dos recursos, dos meios de financiamento que faltam  por  todo o lado. É normal que assim  seja, sem  meios, não há  projectos, sem recursos, não há planos para melhorar e gastar  mesmo  que isso seja justificado.
Mas há que lembrar as prioridades fixadas há muito e que o tempo desaparece vertiginosamente. É  urgente   agir para  assegurar a qualidade de vida  aceitável para as gerações vindouras, para assegurar a capacidade de produzir energias que suportem o crescimento e o desenvolvimento das economias, para assegurar, finalmente, o futuro e a sobrevivência do Planeta, 

As profundas transformações, a nível mundial, por que estamos a passar hoje e por que passarão as gerações vindouras conferem cada vez mais relevância ao tema da energia nas escolhas políticas, industriais, coletivas e individuais.

Na definição da estratégia para uma energia competitiva, sustentável e segura, a União Europeia leva em consideração os desafios através de uma política energética comum e propõe-se:
  • limitar os efeitos das alterações climáticas,
  • assegurar o aprovisionamento das fontes de energia e diminuir a dependência das importações,
  • garantir a competitividade do sector energético e garantir a todos os consumidores (privados e industriais) a disponibilidade física ininterrupta de produtos energéticos a um preço comportável num mercado europeu integrado e eficiente.


Os cenários possíveis do recente «Roteiro para a Energia 2050», adotado pela Comissão Europeia em 15 de dezembro de 2011, sugerem que, se os investimentos necessários continuarem a ser adiados, o seu valor até 2050 será muito mais elevado que agora e surgirão graves problemas a longo prazo.


Muito  agradeço  a presença e participação dos representantes  da  Comissão Europeia, do Parlamento Europeu, da Agência Europeia de Eficiência Energética, da Fundação Nacional  Carlo Colloni, Business Solutions Europe, entre  tantos outros convidados e Membros  dos  três paineis que iremos ter  nesta Audiência pública.
Agradeço igualmente ao  Secretariado da Secção TEN do CESE  e aos interpretes presentes nas várias cabinas que tornarão possível o bom entendimento entre todos os presentes falando as  várias linguas hoje disponíveis.
Muito  obrigado a todos e vamos dar  inicio aos nossos trabalhos.
Carlos Pereira Martins - President of the Public Audition and the Opinion SG.

sábado, 10 de março de 2012

A propósito das discussões de ideias, é sempre bom recordar Miguel Torga

Uma Discussão nesta Santa Terra Portuguesa Acaba sempre aos Berros Não há maneira. Por mais boa vontade que tenham todos, uma discussão nesta santa terra portuguesa acaba sempre aos berros e aos insultos. Ninguém é capaz de expor as suas razões sem a convicção de que diz a última palavra. E a desgraça é que a esta presunção do espírito se junta ainda a nossa velha tendência apostólica, que onde sente um náufrago tem de o salvar. O resultado é tornar-se impossível qualquer colaboração nas ideias, o alargamento da cultura e de gosto, e dar-se uma trágica concentração de tudo na mesquinhez do individual.

Miguel Torga, in "Diário (1940)"

Posse para novo Mandato como Conselheiro no CES português




Carlos Pereira Martins  tomou  posse  como Conselheiro do CES ( Conselho Económico e Social)  português,  no  passado  dia 28 de Fevereiro.




Carlos Pereira Martins,  EESC  GR3 Member,  was  recently nominated   for  a  new  mandate  at  the  Portuguese  CES (Conselho Económico e Social ). 
The ceremony  took  place  in   Lisbon,  at  the   Portuguese CES   main  office,  the  28 th February.

Posse para novo Mandato como Conselheiro no CES português




Carlos Pereira Martins  tomou  posse  como conselheiro do CES ( Conselho Económico e Social)  português,  no  passado  dia 28 de Fevereiro.




Carlos Pereira Martins,  EESC  GR3 Member,  was  recently nominated   for  a  new  mandate  at  the  Portuguese  CES (Conselho Económico e Social ). 
The ceremony  took  place  in   Lisbon,  at  the   Portuguese CES   main  office,  the  28 th February.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Em nome da Verdade - Deputados Europeus prestigiam, de facto, Portugal.



Ideias feitas são ideias feitas e poder-se-ia colocar aqui um ponto final.
Mas também pode acontecer não querermos ficar pela constatação singela. Ou por não concordarmos com a ideia feita e  entendermos que é posivel corrigir a ideia que se propaga, ou por acharmos que devemos contribuir para que se corrija. Ou ainda,  pondo  de parte qualquer dever, querermos mesmo tentar corrigir uma ideia que se propaga.

Estou com a última alternativa. 

Fui despertado, ou motivado, a insurgir-me  contra  ma certa ideia  feita  ao escutar, sem querer mas sem puder evitar, uma conversa de frases feitas, daquelas que não acrescentam nada mas aprofundam e solidificam ideias feitas que ficam na moda dos ouvidos e das linguas conspurcadas de  certos  amigos de ocasião, de  conhecidos de semanas atrás de semanas na rotina das viagens, dos pequenos almoços rápidos na pastelaria perto do emprego, nos transportes, em qualquer lado. 

É  segunda-feira  e  estou  a  viajar  de  Lisboa  para  Bruxelas,  no  primeiro avião  da  manhã. Ainda  há pouco, num espaço do aeroporto,  ouvi comentários feitos  de frases   feitas  e palavras  repetidas sobre a falta de mérito dos politicos, dos nossos e dos politicos dos outros, de todos eles, pois é muito comum dizer-se que são  todos iguais,  todos sem qualidade, trapaceiros,  sem valores, enfim, uma escória.




E foi pela tal ultima alternativa, simplesmente porque quero, por me apetecer, que comecei a juntar estas palavras.
Muito, também, por não concordar, mesmo nada, com o que ouvi e tomava, ainda no ar, tons de verdade inquestionável.









Falo  pelo que conheço,  temos, sem  dúvida  alguma,   pessoas de qualidade imensa a representar o País externamente. Falo, obviamente, dos politicos portugueses no Parlamento Europeu. Penso que era a eles que a conversa feita de frases feita se referia, esta manhã, no aeroporto de Lisboa,já que estavam ali alguns dos nossos Deputados europeus,  á espera,  como  eu,  do voo para Bruxelas, por acaso, meia hora atrasado.








Em nome de toda a verdade, devo dizer que tem sido para mim um enorme previlégio viajar nos últimos seis anos, com regularidade, com muitos deles. Ao contrário do que possa tornar-se moda e encher o ego de quem diz mal - não podemos esquecer que o simples facto de dizer mal coloca, implicitamente, quem o faz num pedestal de pretenso sabedor, conhecedor da virtude, do como se faz ou se deve fazer, de ego cheio -  trata-se, nos casos que melhor conheço , de pessoas excepcionais. Em conhecimentos, capacidade, vontade de trabalho, qualidade e quantidade de trabalho produzido. 
Muitos deles, amavelmente, enviam-me, muitas vezes, textos e poições que vão publicando.
Muitas vezes, também, vou eu procurar ás suas páginas na web, para meu conhecimento e suporte de trabalhos que tenho  de fazer. Gente com muito valor, do melhor que temos por cá, independentemente das áreas partidárias, raizes ideologicas ou familias politicas. 
Para mim, é assim mesmo. Exactamente assim.

É um previlégio enorme, uma fonte de aprendizagem muito grande, um prazer realmente bom o convivio com tantos dos nossos Deputados Europeus.

Tenho, de entre eles, um "nucleo duro" , aqueles com quem viajo com maior regularidade.
Falo de Carlos Coelho, Maria do Céu Patrão Neves,  Edite Estrela, Ana Gomes, a Professora Maria da Graça, Vital Moreira, Correia de Campos, Capoulas Santos, o 
Médico e Deputado Mario David, o Miguel , o excelente Miguel Portas do Bloco, ..., Elisa Ferreira e Diogo Feio, dois dos nossos nortenhos, excelentes, excelentes, em trabalho, cidadania, simpatia, conhecimentos, atitude, todos eles !




E que saudades da companhia e das conversas, dos seus livros, inclusivé, do Vasco Graça Moura... !

... ,   ... ,  que me desculpem todos os outros pela omissão mas estes são os meus Deputados, os meus " passageiros frequentes" ,  de  quem  vou  com  frequência  buscar  textos  e  trabalhos  ás  suas  páginas,  por quem tenho uma estima e amizade que o é, de facto.

Porque me sinto muito melhor, por querer, porque me apetece, quero contribuir para desfazer ideias feitas que estão muito erradas.
É muito bom poder dizer bem, falar e escrever positivo sem que possa haver a minima ideia de bajulação, de , por qualquer forma, ficar a esperar qualquer coisa em troca. Falar na verdadeira acepção de um almoço gratis, que dizem que não há, mas há.

Com a relatividade de tudo neste mundo, e se calhar em qualquer outro, se os houver, não preciso já, felizmente, nesta fase da vida, de favores de qualquer um deles. Vivo para me afirmar, aos olhos dos que me são queridos e a quem devo dar a minha imagem como referência futura, de Valores, honestidade, rigor, rectidão, cidadania, já não para ter mais nada mas para ser muito mais isso mesmo.
E, todas estas pessoas que citei, contribuem, e muito,  para isso.
Obrigado e até breve. 
Vamos preparar para aterrar e vou desligar esta máquina.
Abraço a Todos   e  continuação  de  muito  bom  Trabalho. é que,  se  houver  trabalho,  melhor  ou  pior  que  possa  ser,  já  lá  dizia  o  Marx,  ... ,  o  Capital  acabará  por  aparecer e isso  é  bom  para  fazer  crescer  as  economias e ...  para  ir  á  praça  comprar e pagar  os  melões.
Bom  trabalho,  Boa  Semana.

Assembleia Geral de "Os Belenenses",SAD




Hoje,  pelas 18 horas,  no Estádio do Restelo,  tive a honra de presidir a mais uma AG da SAD do meu
Clube. Acabei por ter que suspender esta reunião, por ter verificado que  houve atraso  muito significativo
na disponibilização dos documentos que permitiriam aos accionistas  participar  munidos  da informação
devida, pelo que   não  tive  dúvidas em decidir   nesta  conformidade.
Mais um  capiulo, mais um encontro  com  vários Belenenses, o que é sempre  muito  grato.
Lá  estaremos, de novo,  dia 23 de Março.


Viva  o  Belenenses !

domingo, 4 de março de 2012

Será que se acabou a "Confiança" para comer, vestir e comprar ?





1 -  A dúvida singela  com  que  tantas  vezes  me  confrontam

Hoje em dia, o cidadão  comum  discute  e  opina  sobre praticamente  todos  os  assuntos  que  sejam  lançados  para  a  mesa.  Mesmo  sobre  temas especializados,  toda  a  gente  tem   opinião  avisada, ninguém  se  abstém  de  acrescentar  qualquer  coisa.

Mas,  também  acontece,  com  frequência,  que  quem  dá  sentenças  sobre  temas  muito  especializados,  confessa  total  desconhecimento  em relação a   questões  elementares  e que,  se  calhar,  justificariam  maior  reflexão,  por  serem  primárias,  na  busca  de  entendimento.

Há  uma  com  a  qual  sou  muitas  vezes  confrontado. Vá  de  conversa  de  café  com  amigos  ou  conhecidos,  vá  no  taxi  de  ida  ou  regresso  das  minhas  viagens, muitas vezes    os  amigos  ou  até  mesmo  o  interlocutor  ocasional,  o  taxista,  me  dispara  a  questão  elementar.

Depois  de   muita  conversa  e  de  sentenças  para  tudo,  até  sobre  a  politica  monetária  da  União  ou  as mais  recentes  medidas  governativas,  lá  vem  a  confissão  de  que  só  não  percebe  para  onde  foi  a  riqueza,  para  onde  foi  o  dinheiro  de  um  dia  para  o  outro,  da  noite  para  o  dia, pois,  o  que  é  facto  é   que  ainda  há  pouco  estavamos  todos  tão  bem,  os  Países  agora  á  beira  da  ruina  e  os  remediados  de  agora,  prosperavam,  e,  de  um  sopro,  ficou  tudo  aflito,  tudo  na  miséria.
Mas,  afinal  o  que  aconteceu?  Será  que  alguém  roubou  de  facto?  Mas,  tanta  riqueza?  É  possivel?  e  para  onde  levaram  tanto  dinheiro?


Por  certo  que,  até  os  profissionais   dos  comentários,  os  fazedores  de  opinião  e  o  cidadão  comum,  se  terão  já  confrontado,  no  intimo  do  recato  com  os  seus  botões,  sobre  tais  dúvidas  que,  por  tão   simples  e  tão  do  campo  da humana  ignorância,  são  afastadas   de  imediato,  ficando,  para  todos  os  sabios,  sem  resposta.

Aconteceu-me  há  dias,  em  Madrid,  no  diálogo  sempre  útil  com  o  motorista  do  táxi  que  me  levou de  Barajas  para  o Hotel  Palace,  nas  Cortes.


Resolvi  tentar  que  me  entendesse,  numa  explicação  que  lhe  procurei  dar.

2 - Afinal, o que é um Economista ?

A  economia  é  uma  ciência  social,  não  é,  como  sabemos,  uma  ciência  exacta,  como  a  matematica  ou  a  fisica,  por  exemplo.
Quer  isto  dizer  que,  na  compreensão  e  na  análise  dos  fenómenos  económicos,  há  uma  forte  componente  de  factores  psicológicos,  de  envolvente  social,  que  não  pode  ser  ignorada.
Os  Economistas  são  preparados  para  trabalhar,  a  vida  toda,  com  "Modelos". Modelos Económicos,  que,  uns  mais  completos  ou  sofisticados  que  outros,  simulam, por isso   mesmo,  melhor  ou  pior,  os  comportamentos das  variáveis  economicas,  face  a  alterações  de  evolução  de  outra  ou  outras  dessas  variáveis.
Não  é  Economista  quem  quer ,  quem  fala  ou  comenta  temas  economicos  ou  quem  gere  negócios.
É  economista  quem  está  preparado  para  isso,  para  o  exercício  dessa  importante  Profissão,  sabendo  utlizar  os   modelos  económicos    e   as  tecnicas  para cuja utilização  foi  preparado.


3 - A Confiança define  o  antes e o depois da crise


Tentemos  passar  uma  ténue  linha  de  fronteira  entre  o  "antes  da  crise"  e  o  "depois  da  crise".

Antes  da  crise,  tinhamos  um  conjunto  de  Países,  um  conjunto  de  Economias,  de  agentes  economicos,  de  Pessoas,  Familias  e  Empresas   que  se  relacionavam  no  dia  a  dia sendo  que  o  cimento ,  a  substancia  que  dava  força  e  consistência  a  essas  relações  economicas  era  a  Confiança,  a  segurança  que  todos  tinham  de  que  tudo  se  passaria  dentro  da  normalidade  das  regras  acordadas.  A  seu  tempo,  quem  comprava  pagaria,  quem  vendia  receberia,  quem  tivesse  necessidade  de  obter  meios  de  financiamento  encontra-los-ia  e  o  risco  inerente a  tudo  isto  era aceitavel.

Naturalmente que há, Pessoas, Familias, Empresas e Estados,  que  têm  ocasionalmente,  excesso  de  recursos  e  de  riqueza e,  outros,  que  têm,  na  mesma ocasião,  carência  de  recursos.

Daí  a  importancia  que  assume  o  Sistema  Bancário,  no  funcionamento  das  Economias.
A Banca  tem  como  missão  fundamental  promover  a  intermediação. Ou  seja,  recolher  os  excessos,  os  recursos,  a  Poupança,  de  quem  a  tem  a  mais  para  as  suas  necessidades,  de  sobrevivência,  no  caso  das Pessoas  e  das  Familias   e  de  financiamento  para  a  prossecução  da  sua  actividade  no  caso  das  Empresas  ou  dos  Estados.
E,  com  base  numa  relação  alicerçada  na  Confiança  que desde  sempre tem  estado  associada  á  Banca,  ao  Sistema Bancário  e  ao sistema  Segurador,    os  fluxos  acontecem  como  na  física  com  o  sistema  de  vasos  comunicantes  a  funcionar  em  pleno.

Havendo  Confiança   no  Sistema,  nos Agentes,  no  Equilíbrio  estabelecido   e  nas  regras  de  funcionamento  em  vigor,  não  há  qualquer  problema  para  que  tudo  funcione  e  resulte  em  benfício  para    Todos .    Pese embora o    facto  de  uns  terem  excessos  e  outros  défices. Essa  é  uma  questão  de   ética e  justiça  social  que  não  impede  o  sistema  de  funcionar  desde  que  a  confiança  esteja  adquirida.

Passando  para  a  esfera  macroeconómica,  para  o  campo  das  Empresas e  dos  Estados,  nunca  constitui  problema  haver  desiquilíbrios,  Estados  com  carência  de  meios,  desde que   se  saiba  onde  poderão  ser  obtidos  os recursos   necessários.  E,  assim,   a  rede  de  relações  económicas  e  financeiras  funciona  com  base  num  elevado  grau  de  Confiança.

Convém,  como naturalmente  se  compreenderá,  que  a  regra  de  bom  senso e  de  limites  á  dependência  de  recursos  de  terceiros,  seja  observada .   Não  é  admissível  que  um  Estado promova  tudo  o  que é  imaginável  de  bom  e  de  bem  estar  para  os  seus  cidadãos  confiante  em que   todos  os  meios  de  que  para  isso  necessite  os  irá  buscar  aos  Estados  excedentários  do  costume.
Convém  neste  ponto  recordar  que,  dados  os  padrões  de  vida  das  populações,  as  opções   políticas  e  o  cariz  ideológico  dessas  opções  e  orientações,  há  Estados  tradicionalmente  aforradores,  que  produzem  mais  do  que  os  seus  cidadãos  consomem  ou  do  que  lhes  é  necessário  para  manter  os  níveis  de  qualidade  de  vida  que  optam  por  lhes  dar,  e  outros  que   vivem  normalmente  com  escassez  de  meios,  de  recursos.  Todos  aqueles  que  assumem  desde  há muito  a  opção  política  e  ideológica  de consumir  mesmo  acima  do  valor  da riqueza  que  produzem,  que  optam  por   padrões  de  consumo  para  os  quais   não  têm  uma  correspondente  criação  de  riqueza.


Mas,  mesmo  nestas  condições,  mesmo  com  desiquilibrios  grandes,    tudo  pode  funcionar ,  as  relações económicas,  financeiras   e  as  relações  comerciais,  as  relações  de  troca  existirem  normalmente.

Com  mais  ou  menos  recursos,  com  maior  ou  menor  criação  de  riqueza,  entenda-se  produção  de bens  e  serviços,  mais  ou  menos  dependentes,  se  a Confiança  existir  e  for  forte,  tudo  funciona e  todos  podem  viver  no  padrão  de  qualidade  de  vida  que  pretenderam  escolher.

Com  a  Confiança  posta  em  causa,  e  isso  pode  acontecer  de  um  momento  para  o  outro,  da noite para  o  dia  como  parece  ter  acontecido  recentemente,  tudo  se  pode  desmoronar  de  um  momento  para  o  outro.

E,  na  falta  de  Confiança,  ou  com  ela  abalada,  o  processo  de  autodestruição  progride  a  uma  velocidade  muito  elevada.

Entra  aqui  em  acção,  e muito,  o  tal  factor  social,  o  psicologico  com  o  minar  das  expectativas,  a  queda  das  pedras  do  dominó  que se  sustentavam  pela  Confiança.

E,  a  partir  daí,  cada  um  terá  mais  razão  para  se  perguntar  se  deve  ou não  alimentar  o  funcionamento  dos  fluxos  que  garantiam  aquela  "Harmonia".
E,  cada  vez  que uma  dúvida, legitima  mas  que  funciona  como  um  veneno  potente,  é  colocada, mais  um  cilone  sopra  em  direcção  ás  pedras  do  dominó pois  é  mais  uma  dúvida  que  alimentará  novas dúvidas  em  relação  ao  cimento,  a confiança.  que  permitia  o  funcionamento.
Sejam  os governantes  a  colocar  as  dúvidas,  sejam  as  pessoas,  as empresas  ou  os  analistas e a  imprensa .

De  um  dia  para  o  outro,  o  que era  toda  a  gente  a  viver  bem  e  com  elevados  niveis ,  é  posto  em  causa.
Por  ter  faltado  a  confiança.

Deixou  de  haver  Confiança  para  comprar  habitações,  carros,  para  comer  ,  para  produzir.

E,  como  a  partir  de  aqui  se  pode  fácilmente  entender,  se  a  este  estado  de  coisas  acrescentarmos  as  politicas  de  salvação  que  estão  a  ser  postas  em  prática  por  parecerem ,  aos governos,  que  serão  as  que  vão  no  sentido  de  dar  sinais  de  correcção  aos "Mercados",  ou  seja,  a  todos  os  outros  intervenientes,  tudo  se  agrava.
Tudo  se  agrava  pois  essas  politicas  são  extremamente  restritivas,  assentam  nos  cortes  nos  rendimentos  seja  pelo  lado  dos  cortes  nos  salários ,  seja  pelo  lado  dos  aumentos  dos  impostos.
Levam  á  forte  diminuição  do consumo,  o  qual  origina  diminuição  da  produção e,  por  consequência,  do  emprego.

A partir do momento em que a falta de Confiança se propaga e toma contornos de sentimento generalizado,  é como uma verdadeira arma de destruição massiva  a  actuar.

Interrompendo-se o fluxo de relações economicas e financeiras que suportam  o  funcionamento  das  Economias  e  dos  Estados,  é  a  estrutura  do  relacionamento social,  interno  e  internacional,  generalizado,  que  é  derrubada.

E,  a  partir  dessa situação,  convirá  ter  presente  quer  lições anteriores  que a história  nos  permite  reter.  É  sabida  a  importancia  fundamental  da  existência  de  comercio  para  assegurar  a  Paz.
Havendo  comércio,  funcinando  as  relações comerciais,  todos  os  intervenientes  nesse  fenómeno  se  encintram  interessados  em  que  as  regiões  envolvidas  tenham  estabilidade para  que  essas  trocas  se  realizem.
Havendo  comércio,  fica  assegurada  a  necessidade  de  produção,  logo  de  postos  de  trabalho,  de  emprego. Mas,  para  que  isso  possa  acontecer,  são  necessários  os  meios  economicos,  os  fluxos  financeiros  a  funcionar.  Sem  Confiança,  nada  disto  pode  ser  assegurado e, convém  prevenir,  a  Paz  pode  estar,  mais  rápidamente ou   mais  lentamente  ser  posta  em  causa.

Portanto,  o  bem  estar, a   riqueza  e  o  dinheiro  que  as  ultimas  gerações  sempre  viram  existir  e  aparecer  sempre  que  era  necessário,  não  fugiu  para  qualquer  lado. Não  se  trata  de  riqueza  física  que  existia  e  desapareceu. Aquilo  que  permitia  o  conforto  da  qualidade de vida e  do  consumo  a  que  se  estava  habituado,  eram  os  fluxos  financeiros  que  davam  suporte  e  erm  causa e consequência das  relações  comerciais.

Entender isto  é fundamental , sobretudo  para quem  queira,  quem  seja  ou  tenha  pretensões  de  ser  decisor,  de  ser  governante. Receio  que,  por  simples  que  tudo  isto  é,  seja afastado  do  pensamento e do entendimento imediato  por  certos  pensadores, peritos  de  economia de pacotilha.

4-  "Pormenores"  que  em  muito  agravam todas as conclusões teoricas
Mas, esta, é uma  explicação que podemos  classificar  de "macro",  de  teoria  geral.
Para  sermos rigorosos,  há  que  refinar  a  análise,  descer   ao  pormenor  dos  factos e do  que realmente se passou  em  Portugal  e  que  em  muito  contribuiu  para  agravar  ainda mais  este  clima  de  desconfiança,  logo,  o  clima  de  crise.

Não  se  fique  com  a  ideia  que  não  houve  desvios  de  fundos,  que  não  houve  corrupção  em  escala  difícil de imaginar  pois  tocou e toca  as  raias do  completo  despudor.

Fundos desviados  em  grandeza  que  ameaçou  a  integridade e a soberania do País.
Que  terão sido colocados fora de Portugal,  que  continuarão em Portugal  mas  em  mãos  indevidas ou que  se  repartirão  entre  os  dois  destinos.


Não  podemos  deixar  de  considerar  dentro  deste  grupo  os  casos de  policia, de roubo , fraude ,  no  BPN e no BPP.

Não  se  compreende,  ainda agora,  porque razão o Governo  português não  dissolveu o BPN , pagando a quem legitimamente houvesse  que  pagar,  e, antes,  prefere  "vender" , pagando  pela venda,
muitos milhões de euros ,  ir  espoliar os trabalhadores bancários do que descontaram durante a vida de trabalho para garantir as suas pensões futuras e ir,  agora,  ainda por cima,  metê-los no BPN  a  titulo de aumento de Capital  para  poder  operar. É  incrivel, inadmissivel  por completa falta de seriedade ou explicação.
A tudo  isto,  junte-se a privatização da REN.
A rede energética nacional, a rede de distribuição de energia, é, só por si, qualquer coisa de  muito nacional, garante de soberania, de independência e sobrevivência. É do estado, é pública. Caso contrário, pensar-se-á que alguém  deixaria colocar dentro da sua propriedade os postes de distribuição,  os comutadores, todo o que é necessário para que as populações tenham acesso  á energia para viver?

E, isso  que é tão  intrinsecamente nacional na acepção de bem comum da população e do País, vende-se assim  a  algum  privado?
È  concebivel,  é  licito,  é  justificavel?

Com  o  argumento que o mercado livre, a concorrência,  levará  a  beneficios para os consumidores? Mas fazem  dos cidadãos parvos ou a falta de vergonha  já  não tem limites?
Todas as pessoas sabem  no  que deu  a  liberalização e concorrência no caso  dos  combustiveis. As gasolineiras  que acabam por ser   em  numero  muito   reduzido,  com  preços  absolutamente concertados,  um  corrupio  de  aumento  generalizado  dos  preços.

é que, no caso  da electricidade,  como  no  caso  do  gás,   os  operadores  não  terão  ofertas  diferentes, o consumidor não  optará  por A ou B  e  ligará  a  sua  casa  a  "condutas"  diferentes. Não,  a  REDE  é  e  será  a mesma, os  mesmos canos, os mesmos fios, tudo  o  que  já  cá  temos.
Acontecerá, sim,  que uns poucos operadores  concertarão  entre  si  a  facturação  e os  preços  que  aplicam  a  consumidores diferentes que  optam  pelo A ou pelo B.  Temos o  exemplo já  com  as alterações de contratos exigidas pela EDP  no  programa que está  a levar  para  a  frente  com  o Continente.

É  um  dado  mais  que  provado , e  os  próprios operadores já o afirmam, que os preços da energia e do gás  aumentarão e muito.

É  muito  preocupante  e  pensamos que em  muito  ultrapassará  os  riscos  tão falados e que  se  adivinhavam  com  as  PPP/ Parcerias Publico Privadas,  o  que  ainda  esta semana  o  Presidente  do  Grupo  que  ganhou  a  privatização  da  REN  dizia   numa  entrevista. Falava  na garantia que  Estado  português tinha assumido  no contrato de  privatização em suportar  os  custos  e  o  esforço  futuro  com as  energias renováveis. Em  montante, em  milhares de milhões e em custo incortavel para o País, ultrapassa  as PPP, as SCUT e tudo  o resto.
Será  que  ainda ninguém  viu?

Para nos apercebermos um pouco do que se passa  no  mercado  da  energia,  bastará procurar a chamada "experiência de  trazer  por  casa". O preço de uma bilha de gás  do lado de cá e do lado de lá da fronteira com Espanha, duplica !
Ninguém  quer investigar  qual a razão?  Para onde vai o acréscimo?


Ligando  tudo  isto  ao  tema inicial,  a  crise  internacional  e  europeia,  tal  como  em relação aos offshores,  pensamos que aqui,  só  medidas  concertadas  dos governos da UE  poderão  colocar  um  travão  ao  saque  generalizado  que  nem  os  corsários  do  antigamente   praticavam  em  tão  larga  escala.


Só  uma  medida  politica  que  passe  a  considerar que estes "negócios"  não podem ser feitos, não têm  legitimidade e por isso  são nulos, pode pôr cobro  a tudo isto e ao agravar da crise.

E não poderá haver lugar a indemnizações como aconteceu  no caso  das  nacionalizações  depois de 1974.
Não pode. Quem comprou terá que entender que comprou uma coisa que não pode ser vendida.
Deveria ter-se prevenido ou aconselhado.
É tal e qual como ir oa Terreiro do Paço e comprar a Estátua do D. José  a um  qualquer vigarista.
não  tem  efeito o negócio.

E  compreende-se que só  com  decisão  politica CORAJOSA  da Governação europeia  isto  possa  ter  cobro.

De nada  vale  a  pena  ter  todos estes escândalos  na  imprensa, nos media, durante uma ou duas semanas,  alimentar mais uma campanha de vendas de jornais e de escaramuças politicas que levam a criar condições  negociais para  futuras reacções e posições  quando  surgirem  outras, no futuro, originadas  nos terrenos  contrários  e,  de  seguida,  nada  ter  consequências.

O  País  desgasta-se,  as pessoas  são  levadas á depressão  e á doença  e  nada  tem  consequências.
Apenas leva  á  continuada  perda de CONFIANÇA  que, como foi dito, é um dos factores que mais directamente contribuem para o agravar da crise.
E os exemplos são  muitos, muitos. Citamos estes mas são imensos. Mais recentemente, veio a noticia do magistrado que julgou um presidente de uma instituição financeira angolana e,  logo de seguida,  vai  contratado para um  segundo Banco  angolano e deixa a magistratura em Portugal !

Como  sempre,  muito  titulo de jornal, muita teoria jurídica mas,  nada tem  consequências.



5 - A ilusão da democracia,  do  pluralismo  e da liberdade de imprensa


Vivemos, então,  uma  ilusão de democracia, de liberdade de imprensa e de pluralismo,  situação que foi já  muito aproveitada  e  devidamente  formatada  para servir interesses ocultos, de corrupção e obscuros.

Assim como os delinquentes e corruptos  aproveitaram  e "modernizaram",  a seu  geito,  as  possibilidades  que  o  regime democrático  lhes  oferece,   seria   necessário   que  os Cidadãos,  as  pessoas  anónimas e todos os que escolhem como modo de vida  a  democracia, o bem estar dos outros, não só e apenas o seu bem estar  ganancioso e sem limites para essa  acumulação  própria,  fizessem  qualquer coisa  para  interromper o processo  negro.

Como  em  1974  um  grupo  de  oficiais  democráticos  fez. Agora,  naturalmente,  um  grupo  diferente,  de forma diferente,  mas  por forma a interromper  o  processo  tenebroso em curso. Não só  em  Portugal  mas  internacionalmente.
Não  pude deixar  de  esboçar  um  sorriso,  agora mesmo,  pois  de imediato  me  lembrei  da  conhecida Internacional,  de  tempos idos  e cujo  resultado,  como  sabemos,  não  foi  o  pretendido  nem  o  anunciado.
Mas  uma Internacional  dos  tempos  modernos,  valeria  a  pena.  Sem  dúvida!

Resolução sobre a Crise tomada pelo Comité Económico e Social Europeu na Plenária de Fevereiro de 2012

PT
Comité Económico e Social Europeu




Bruxelas, 21 de fevereiro de 2012



RESOLUÇÃO
do Comité Económico e Social Europeu
sobre a situação económica e social da União Europeia

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Na reunião plenária de 22 e 23 de fevereiro de 2012

  1. O CESE:
  • lamenta as hesitações e as divisões entre os Estados-Membros da União Europeia, numa altura em que a Europa se deve mostrar resoluta, unida e solidária;
  • acolhe, todavia, favoravelmente o acordo alcançado no Eurogrupo na segunda-feira, 20 de fevereiro, sobre o segundo plano de ajuda à Grécia, embora deplore os atrasos e a lentidão em encontrar uma solução definitiva;
  • continua, ainda assim, preocupado com as consequências sociais e económicas e exorta o Conselho Europeu a promover medidas favoráveis ao relançamento da economia, sobretudo nos países mais afetados pela crise;
  • recorda a necessidade de investir na economia real, nomeadamente através de uma verdadeira política industrial, a fim de pôr cobro à atual espiral de recessão;
  • saúda a iniciativa dos doze governos enviada ao Conselho e à Comissão.

  1. O CESE constata que os cidadãos são cada vez mais levados a desconfiar das instituições da União e, por conseguinte, da própria União, sendo ao mesmo tempo induzidos a culpar essa mesma União pelas dificuldades que ela atravessa.

  1. O CESE não pode dar o seu aval a disposições que se prendem exclusivamente com a disciplina orçamental e fiscal e considera que a governação das políticas económicas na zona euro e na UE deve ser mais alargada e mais ambiciosa.

  1. O CESE destaca o papel fundamental que a Comissão Europeia deve desempenhar enquanto defensora do interesse geral europeu, nomeadamente na execução de medidas da política económica e monetária, incluindo as previstas no novo Tratado Intergovernamental.

  1. A esse propósito, o CESE reitera a necessidade de relançar a Estratégia Europa 2020, com destaque para as ações em prol da juventude, da investigação e inovação e da economia verde. Congratula o Presidente Durão Barroso pelas novas medidas que anunciou no Conselho Europeu de 30 de janeiro de 2012 para promover o acesso dos jovens ao emprego, e convida-o a lançar quanto antes iniciativas concretas neste domínio. Por outro lado, o CESE acolhe favoravelmente as medidas de apoio às pequenas e médias empresas, inteiramente conformes ao direito da UE em vigor.

  1. O CESE insiste em que, nas negociações sobre as futuras perspetivas financeiras plurianuais para 2014-2020, a UE seja dotada de um orçamento adequado e superior ao atual. Apoia, a esse propósito, a proposta da Comissão Europeia de procurar novos recursos próprios para financiar o orçamento europeu, bem como o recurso às parcerias público-privadas. Por seu lado, tenciona elaborar um relatório sobre o custo da «não-Europa», que realçará os benefícios esperados de uma maior integração europeia. Apela igualmente a que os países que aderiram à UE desde 2004 não sejam discriminados no que respeita aos limiares e aos critérios de elegibilidade para os fundos europeus.

  1. O CESE é favorável a um reforço do papel do Banco Central Europeu a fim de estabilizar a situação na zona euro, assim como a mecanismos de engenharia financeira que mobilizem a poupança privada e os mercados (euro-obrigações) para financiar projetos com perspetivas de futuro e de relançamento da atividade económica.

  1. O CESE exorta, pois, as instituições europeias e as autoridades nacionais:

  • a evitar enfraquecer, seja de que forma for, os Tratados em vigor e as instituições neles previstas;
  • a tomar medidas ao nível europeu que favoreçam o crescimento e promovam o desenvolvimento de infraestruturas e os esforços das pequenas e médias empresas, o acesso dos jovens ao emprego, bem como ações em prol de uma política energética europeia eficaz e limpa;
  • a adotar um orçamento ambicioso para aplicar essas medidas e reforçar a coesão europeia;
  • a comunicar dando uma imagem de unidade, quer junto dos cidadãos europeus quer com o resto do mundo;
  • a enviar uma mensagem positiva aos jovens europeus a fim de apresentar a União Europeia como uma solução para a crise e uma perspetiva de futuro;
  • a basear as decisões tomadas a todos os níveis numa real adesão dos cidadãos, através de procedimentos que associem verdadeiramente o Parlamento Europeu e os parlamentos nacionais e envolvam uma consulta efetiva das organizações representativas da sociedade civil, valorizando o contributo do diálogo social autónomo.

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