quinta-feira, 28 de março de 2013

Chipre, as lideranças europeias e a implosão da UE








Lamentavelmente, a Europa continua a dar sinais repetidos de uma perigosa tendência de implosão, agora motivada por um Estado Membro, logo a seguir por um outro, a um ritmo que mais do que preocupante, é já dramático.

Os actuais lideres europeus esqueceram por completo ou fazem por ignorar  o objectivo último da construção europeia, os fundamentos do projecto europeu e os Valores fundacionais da União Europeia.
Tudo isso se resume numa ideia repleta de uma beleza  imensa, num objectivo  central : trazer, consolidar e garantir para o futuro  a PAZ  num  continente  com uma história de guerras  internas  constantes, sempre entre as várias nações europeias e nunca directamente ameaçado  por inimigos  que lhe fossem  externos. 


Há um sentimento que de inicio parecia despropositado e envergonhava partilhar com qualquer outra pessoa, nascido talvez de um acumular de receios pouco explícitos mas reais, e que agora é cada vez mais comum ouvir de muitos cidadãos : a última guerra mundial fez milhões de vitimas tendo por base o doutrinas  nazis, o racismo e a xenofobia. Actualmente, parece cada vez mais que se estão a condenar á pobreza, á miséria e por este andar á morte em lume brando, milhões de pessoas , agora com base no que  parece ser politicamente correcto chamar neoliberalismo. É , de facto, uma condescendência e um atenuar exagerado do que se esconde por trás desse palavrão. É que, ao chamar-se neoliberalismo ao roubo desenfreado dos cidadãos e da riqueza produzida pelas comunidades, até se acaba por dar algum fundamento ideológico aos crimes contra o património, contra o bem comum e a Sociedade, á ganância financeira sem  limites, sem pudor e sem vergonha.

A crise financeira que teve origem no outro lado do Atlântico, não só atingiu com todos os seus estilhaços o espaço Europeu como fez detonar um grande número de situações até aí camufladas mas realmente explosivas  todas originadas por más práticas, por uma ganância desenfreada, pela prática do que de mais selvagem possa ter o mundo civilizado, ocidental e capitalista :   a corrupção  e a total  falta de valores e sentido  solidário.

A última situação foi a de Chipre, uma pequena economia da zona euro com contornos muito singulares.
Da solução até agora encontrada – pois que se admite que possa ainda haver evoluções , negociações, aditamentos e alterações – resultam desde já novos procedimentos e novas poíiticas para a crise por parte dos dirigentes e Instituições Europeias que importa ter bem presente e seguir com grande empenho e preocupação.
O aspecto eventualmente positivo que possa ser descoberto bem nas profundezas da situação cipriota será o sinal que a UE, no seu melhor, entende não dever conviver com zonas e práticas de branqueamento de capitais dentro do seu seio, com os Estados “lavandaria”
Mas, atenção, assim sendo, haverá que fazer aplicar o princípio a toda a zona euro e não apenas a um pequeno Estado Membro que funcione apenas como cobaia e para inglês ver. A expressão tem aqui toda a propriedade .
Segundo aspecto positivo seria o fazer pagar eventuais situações de recuperação e sobrevivência de entidades financeiras, não aos contribuintes no seu todo, mas aos accionistas, obrigacionistas e investidores nessas entidades.
Mas, atenção, pois, ao contrário do que alguns líderes, governantes e muita imprensa portuguesa e europeia, parece que acertados por uma qualquer pauta dos grupos de tendências neoliberais , estão empenhados em  escrever e fazer crer ao cidadão inadvertido, não foram, até agora, em Chipre, nem os acionistas, nem os obrigacionistas ou investidores que pagaram a conta da recapitalização dessas unidades bancárias. Foram os seus depositantes. E, foram , na verdade, apenas alguns dos depositantes com depósitos acima de cem mil euros. E, grave pois não há aí qualquer princípio de proporcionalidade no esforço, acima de cem mil euros, tanto pagou quem tinha cem mil como quem tinha cem milhões !
Muitíssimo negativa foi a percepção pelos cidadãos da União que, depois de qualquer noitada, em Bruxelas, feita pelos governantes europeus, a qualquer momento poderão acordar com a vida virada do avesso, com o seu património devassado, confiscado.
Andamos, de facto, uma vida inteira a ouvir falar contra o que de pior tinham os regimes comunistas. Não respeitarem a propriedade privada, sagrada segundo os  bons princípios ocidentais e civilizados, não valorizarem o esforço individua na criação de riqueza e criação de poupanças como forma de prevenir situações futuras e de melhor garantir o bem das gerações vindouras.
Com as recentes decisões tomadas pela UE no caso cipriota, tudo isso foi negado, contradito.

É sabido que o sistema bancário só pode funcionar e ser credível se a confiança dos particulares e das empresas for consistente e efectiva.
Com a decisão de confisco de parte dos depósitos, a confiança no sistema bancário foi definitivamente abalada e teme-se com fundadas razões que essa prática seja a doutrina adoptada para casos futuros na UE.
E, note-se, que numa primeira decisão, seriam afectados todos os depósitos, desde o primeiro euro, não apenas os superiores a cem mil euros.
O risco que se correu foi de uma enormidade absolutamente inacreditável, a roçar os limites da inconsciência.
Bastaria que o receio tivesse alastrado a um numero significativo de cidadãos, em qualquer Estado Membro, da Irlanda a Portugal, Espanha, Itália, França ou mesmo na Alemanha, e tivessem corrido a um qualquer Banco, e é por demais sabido que não há Banco que resista, mesmo saudável que esteja, a uma corrida desenfreada dos seus depositantes.
Haveria injecções de liquidez do Banco Central europeu, e de outros Bancos, pois claro. Mas uma vez o fogo lançado, por certo se propagaria a muitos outros Bancos de muitos outros Estados Membros.
E, aí, seria não só o colapso do euro e da zona euro mas, também, o colapso da UE e , pior do que tudo, o colapso das nossas vidas.
Muito mau, ainda, se é que algo de bom, para além do esforço feito  no inicio destas linhas para mencionar um sinal positivo, foi o facto de a UE se ter contradito na solução de taxar todos os depósitos e na anterior decisão tomada logo no inicio da crise de protecção dos depósitos bancários até cem mil euros.

Em Portugal, em particular, estaremos em vias de poder assistir a uma situação caricata, como tantas outras vezes acontece.
Por um lado, casos de polícia, de fraude comprovada e que atingiram montantes estonteantes (BPN), foram pagos pelos contribuintes, sem sequer haver razão para que tivessem sido salvas essa instituições.
Em breve, se algo vier a acontecer a qualquer outro Banco, mesmo sem contornos de fraude explicita, reflexo da crise global, serão, porventura os Depositantes a ter que pagar a factura e os acionistas esfregarão as mãos.
Mas, dir-se-á na melhor imprensa nacional que desta vez não foram os contribuintes a pagar e a tapar o buraco .
Desde o inicio da crise que há temores de, a exemplo do que se viu já em situações anteriores noutros países, designadamente na América latina e América do Sul, poder acontecer acordarmos um dia com as contas bancárias bloqueadas e com as poupanças perdidas. Mas, isto, por via do colapso de uma qualquer unidade bancária.
Os receios têm sido discretos por parte das pessoas mais conscientes e mais conhecedoras pois sabem que o pior de tudo será instalar o medo, o receio e a desconfiança num numero alargado de pessoas e motivar uma qualquer corrida aos Bancos.
Discretamente, a partir de 2009, cada vez mais em conversas particulares mais pessoas foram sondando os especialistas procurando saber de formas mais seguras ou mais eficazes de colocar os seus dinheiros em locais mais seguros.
Tão fundada foi a reacção que, logo muito cedo, alguns governos, e o português foi logo dos primeiros, legislou por forma a taxar á saída os fundos que rumassem a outras paragens.
Em boa verdade, quem pode e teve estômago para o fazer, colocou-se a salvo e , a seguir, veio o colete de forças para o cidadão vulgar.
Atenção pois isto mesmo aconteceu nos últimos dias em Chipre. A Banca esteve fechada, o comum dos cidadãos teve as contas retidas e confiscadas mas, quem tem poder, quem tem muitos milhões, levantou-os sem dificuldade das sucursais em Londres desses Bancos cipriotas que nunca fecharam nem colocaram entraves a transferências internacionais ou a montantes. E, mesmo em Chipre, com a Banca fechada , usando uma classificação de “para fins humanitários” que podia ser para pagamento de salários, ou outros fins, quem pode, movimentou e transferiu o que entendeu.
Preocupante, mesmo muito preocupante é o facto de assumidamente se digladiarem, presentemente e quase publicamente na UE, duas correntes de dirigentes e governos. Uma que pretende fazer doutrina com o confisco, em situações futuras, desde o primeiro euro de cada conta de depositantes, outra , mais “benévola” que pretende apenas levar o confisco e o roubo a partir de certo montante.

Entretanto, alheada de toda a realidade, posicionando-se a uma distancia conveniente como se nada disto fosse real ou lhes tocasse também, a imprensa lusa, a de faca e alguidar mas também a especializada, continua  a relatar os acontecimentos da forma que melhor faturação lhes promete proporcionar.

domingo, 24 de março de 2013






O PRIMEIRO  ÊXITO PROFISSIONAL, SIGNIFICATIVO  E  COM  VISIBILIDADE PÚBLICA :   ESTUDO, CONCEPÇÃO E LANÇAMENTO  EM PORTUGAL  DO PRIMEIRO  INSTRUMENTO DO  MERCADO DE CAPITAIS DEPOIS DE DA  ASFIXIA DAS BOLSAS EM  1974  - “PAI” DAS OBRIGAÇÔES DE CAIXA, COMO A IMPRENSA ECONOMICA DE ALTURA ME CHAMOU


(Foto da cerimónia de lançamento das Obrigações de Caixa, presidida pelo Dr João Salgueiro)


Apenas o Banco de Fomento Nacional vinha ao mercado com as suas emissões de obrigações para financiar os projetos de investimento a médio e longo prazo segundo a sua vocação.

Mas, mesmo assim, era uma forma de captação de recursos pouco eficaz já que , com uma emissão, recebia, num período muito curto, normalmente quinze dias, o que durava a período de subscrição, quase de uma assentada, um muto elevado montante de fundos que só iria aplicar em crédito de forma muito faseada, dilatada no tempo.

Foi a certa altura, no inicio da década de oitenta, desempenhar as funções de Ministro das Finanças o Dr. João Salgueiro, até aí  Presidente no Banco de Fomento. Tinha como Chefe de Gabinete, um jovem, oriundo de uma Família de Banqueiros, Fernando Ulrich.

Era eu , nessa altura, economista na Direção dos Serviços Financeiros do BFN e  recordo 
uma conversa a propósito de um instrumento financeiro, muito utilizado em França, os Bons de Caisse, as Obrigações de Caixa. Era visto como uma forma de obtenção de recursos, faseada, ao ritmo das necessidades de financiamento do emitente, o Banco. Recordo uma primeira conversa , sugerida pelo Dr. João Salgueiro, com o Dr. Fernando Ulrich, que se mostrou disponível para analisar e aprofundar o assunto, com o BFN, logo que houvesse mais desenvolvimentos, um estudo aprofundado.

Nesse Verão, fui dar uma volta pela Europa, de carro, com a Família.


Com  o  meu filho, eu era ainda muito novo, ainda não tinha trinta anos, gostávamos de visitar autódromos, stands de automóveis e os monumentos, claro.  Mas, como quase sempre fazia noutras circunstâncias, sempre que tinha que entrar numa agência bancária para cambiar “traveller cheques”, o que se usava na altura para não andar com muito dinheiro no  bolso, os cartões de crédito não estavam ainda sequer a funcionar em Portugal, retirava todos os folhetos promocionais sobre instrumentos financeiros, de poupança ou outros para, mais tarde, estudar  e me inteirar melhor como funcionavam.

Claro que quando apareceram alguns sobre bons de Caisse, fiquei feliz. Encontrei-os na Société Générale e na BNP, em Paris.


Uma vez em Lisboa, sem auxílio ás pesquisas na internet pois ainda nem sequer existia a possibilidade, o próprio fax só pouco mais tarde foi difundido e utilizado, requisitei no centro de documentação do Banco e comprei vários outros, muitos livros onde essas matérias eram abordadas.

Elaborei o meu primeiro estudo evidenciando as vantagens do novo instrumento financeiro e apresentei-o ao então Director Financeiro do Banco de Fomento que o apresentou, por sua vez, ao Conselho de Gestão, designação da época do CA.

Colocação ao ritmo das necessidades de financiamento do emitente, uma enorme vantagem para o Banco que emitia.
Possibilidade de resgate antecipado, com uma cláusula de pré-aviso que não era significativo, cinco dias, o que dava para o Banco programar os compromissos que daí pudessem advir e ativar, em alternativa, um Mercado Secundário fora de Bolsa, era um trunfo precioso para quem subscrevia, o público aforrador.

A emissão decorria também em Séries, ou seja, o Banco pedia autorização para emitir, em montante global, e depois procedia á colocação em séries, faseadas ao longo do ano, logo, com uma muito menor carga burocrática de autorizações de emissão e custo mais reduzido.

Depois do estudo feito e das reuniões no Ministério das finanças e da aceitação do Senhor Ministro de poder avançar com o diploma que lhes dava suporte e existência, foi a vez de ir ver mercados onde estavam já, há anos, a ser comercializadas as Obrigações de Caixa.

Estive, nessa altura, com uma Bolsa da OCDE, um mês na BNP, quinze dias em Paris, no edifício do Boulevard des Italiens, e quinze dias mais na Bretanha, no Centre de Conservation Dinan, muito próximo de Saint Malo e do Mont St. Michel.

Aí, tinha a BNP um “Chateau” uma enorme propriedade com segurança muito apertada desde a entrada á saída, campos de futebol , ténis, e mesmo escolas para os filhos dos empregados.
Tinham aí os Depósitos de Títulos, todos, centralizados, não em Paris, e o ouro e outros Valores.

Tinha como Diretor do CC Dinan, Messieur Legrad.
Depois de alguns dias de muita aprendizagem para um jovem economista de um País onde a Bolsa tinha paralisado e fechado, extremamente motivado para os assuntos de Títulos e do Mercado de Capitais, Mr Legrand, era já, para mim como para todos os que ali trabalhavam, Messieur Le Grand Directeur du CC Dinan.

Aprendi imenso naqueles dias e já estavam eles a trabalhar num projecto que dez ou quinze anos mais tarde vim acompanhar em Portugal com o falecido João Veiga anjos, Presidente da Bolsa de Valores de Lisboa e, para esse efeito, mais tarde, Presidente das duas Bolsas de Valores de Lisboa e do Porto.
Refiro-me á desmaterialização dos Títulos, á Central de Valores Mobiliários, em cuja criação participei também, com Veiga Anjos, Cristina Azevedo e Castanheira Santos, o seu Presidente após a morte trágica de João Veiga Anjos num acidente de automóvel no regresso de um jogo de futebol, de Lisboa para o Porto.







Voltando ás Obrigações de Caixa, o diploma viria a ser publicado pelo Ministério das Finanças , o BFN avançou com a primeira emissão , participei ativamente em tudo, até no filme publicitário rodado no Balcão da Rua Mouzinho da Silveira, a Sede da altura, produzido pela Agencia Latina com Vera Nobre da Costa com enorme responsabilidade e a colaboração acertada e responsável da Maria Suanny Albuquerque. Também o meu filho Nuno entrou no filme promocional que abria com o mapa da Europa e uma voz em off que dizia “ aproveitando a experiência da Europa, o Banco de Fomento Nacional lança em Portugal o primeiro instrumento inovador do Mercado de Capitais, as Obrigações de Caixa, BFN ...”



A seguir á emissão do BFN e dadas as excelentes relações entre o Banco e o Dr. Artur Santos Silva, recebi a indicação por parte do Conselho de Gestão para dar todo o apoio á montagem de uma outra emissão, desta vez da SPI, a Sociedade Portuguesa de Investimentos, acabadinha de aparecer e onde pontificavam o próprio Dr. Santos silva e a Dra. Isabel Lacerda.
Fui algumas vezes ao Porto, á Rua Tenente Valadim , onde tinha a Sede a SPI.

E, naturalmente, a emissão apareceu e foi muito bem sucedida, também.

Abaixo, no folheto publicitario, aparece o meu filho Nuno de colete  creme, de fora do balcão, segundo a contar da esquerda.

sábado, 9 de março de 2013

Os leilões de Energia, os Consumidores e um negócio que não cheira nada bem !






Vivem-se tempos  em  que  se perderam  quase por completo valores essenciais  de  ética, de solidariedade, de cidadania,  de honestidade, enfim, os valores mínimos exigíveis a todos os seres humanos enquanto sejam seres vivos, de convivência  e relacionamento com todos os outros.

Isto  mesmo já foi por demais dito  e escrito mas  vem  agora  a este texto  depois  de  ter  ouvido  as  noticias  sobre  o referendo  votado  no  passado  fim  de semana na Suiça e pelo qual  a população eleitora  pretendeu  que  fossem  controlados  e colocado  um  tecto  máximo  aos  salários e aos prémios  atribuídos,  em  geral  pelos próprios,  aos  chamados  altos quadros  das  empresas.


Os  níveis  despudorados atingidos,  não só  na Suiça  como  na Europa,  nos EUA  e  em  geral  por todo  o mundo,  são  de  tal  monta  que  mais não  são  do  que  verdadeiros  roubos  ou  apropriação  “legal”,  já  que  não  infringirão  supostamente  qualquer  lei  proibitiva.


Curioso  e  extremamente  pertinente  foi  um  comentário  de  uma  cidadã  eleitora,  que  se  regozijava  com  a vitória  alcançada  em  todos  os Cantões helvéticos  mas  não  deixava  de  ser  realista  e  prudente   adiantando,  logo  em  seguida,  que  nada  do  que  se pretendia  com  o referendo  se  conseguirá  se  não  vier  a  ser  acompanhado  de  iguais  medidas  a  nível  internacional,  por  todos  ou  muitos  dos  outros  países.

E  adiantava  que  teria  que  haver  uma  concertação  internacional  pois  os  visados   apregoavam  já  que,  aplicando-se  a medida na Suiça,  estariam  já  de  malas aviadas  para  outras paragens  onde  o  despudor  pudesse  continuar.

Insurgia-se a cidadã  helvética pelo  facto  de  os cidadãos suiços  terem  investido  e pago  a formação  daquelas pessoas  e  verem  que  iriam  aplicar  o saber  adquirido  noutros países. É  muito  discutível  esta  preocupação,  no  caso  dos "saberes"  em  causa,  mas  compreende-se.
  

Este  raio  de  lucidez  e  de  realismo é,  na  verdade,  o  mesmo  que   se  passa  com  todas  as  medidas  já tomadas  e  as  que  possam ainda  vir  a ser tomadas  para  resolver  a  crise,   para  impedir  a  gula  especulativa  dos  chamados “Mercados”.


É  muito  curiosa  a experiência  que  a vida,  o passar  dos  anos  e  a  história  nos  traz.  Reparemos  que  estamos  a falar  da Suiça,  não  da  Roménia,  da Polónia ,  da Checoslováquia  ou  da própria  URSS  dos  tempos  comunistas.


Mas,  por  falar  em  Valores,  em  mínimos  de  convivência  social ,  de cidadania,  éticos ,  morais  e  profissionais,   não  deixarei  de  abordar  um  tema  que  me  chocou  profundamente,  ainda  durante  o  fim  de semana  -  a  enorme  campanha  desenvolvida  pela  organização  de defesa  dos  consumidores  em  Portugal,  propondo-se  prestar-lhes  um  grande serviço  encontrando  o  melhor  preço  entre  os vários  distribuidores de energia  ,  o  chamado  leilão  de  energia.

Vi  inicialmente  na  revista  do  Grupo  Deco,  a  Proteste.   A  seguir,  durante  uma  viagem  ao  norte,  ouvi  com  frequência  os  anúncios  na  rádio.

Quase  não  queria  acreditar  no  que  ouvia.

A  organização  dos  Consumidores  pretende,  ao  contrário  do  que  as  leis  da  concorrência   sempre  ensinaram  (haver  mais  do  que  uma  entidade  em  confronto,  no  dia  a dia,  para  poder  fazer  baixar  os  preços),  dar  a  volta  ao  texto  e,  com  o pretexto  de  encontrar  ela  um  melhor  preço,  concentrar  milhões  de  consumidores  incautos  num  único  fornecedor.

Tudo  isto  poderia até  parecer  correcto,  com  um  objectivo  claro  e  de defesa  dos  Consumidores.
Não  fora  as  coisas  andarem  realmente  tão  pouco  transparentes  pela área  das  energias,  em  Portugal. 


Foi  o Secretário  de Estado  que  ao  pretender  colocar  algumas  regras  sobre  a  pressão  das  distribuidoras  foi  corrido,  são  as  campanhas  para  mudar  de fornecedor  sobre  o pretexto  de se  tornar o mercado  mais  competitivo  e  os  preços mais baixos,  com  a  agravante de, aos  que  não  mudarem,  como  prémio  de fidelidade e permanência,  o  fornecedor actual  lhes  “SUBIR”  o  preço  que  pagam  agora...!


Mas,  com  esta  campanha  de  encontrar  o  melhor  preço  “em  leilão”,  a  organização  dos  nossos consumidores  pede-lhes ,  para  poder simular  a sua  futura factura,  que  lhe  forneçam   uma série  de dados  os  quais,  vistos  com  atenção,  permitirão  á Deco / Proteste  ficar  com  uma  enormíssima  base  de dados  de consumos médios,  preferências,  distribuidores utilizados,  etc,  etc.

Só  por  si,  uma  base  valiosíssima  para  ser  explorada  por  alguém  ou  cedida  ou  vendida.


Generosidade  absoluta,  o  facto  de  a  organização  dos  Consumidores  dispensar  de  qualquer  pagamento  de  comissões  para  entrar  no  leilão  a quem  seja  já  seu  associado.

Diz,  textualmente  a Proteste  que  " a DECO  poderá vir a receber uma  comissão  por cada contrato assinado pelos consumidores junto  do  fornecedor  que  ganhar o leilão"  e que,  a acontecer,  quererá   "privilegiar  os  associados, dado  que são  eles que nos financiam.  Assim,  só iremos reter o valor dos não associados."

Concluir-se- á  deste  texto  tão  pouco  claro na Proteste  que  a organização dos consumidores já terá  negociado  com  todos os fornecedores de ectricidade  as "comissões"  envolvidas neste negócio. Seja quem  for  que ganhe o leilão,  pagará comissões á DECO.  Depois,  esta,  reterá  a grande  maioria  das verbas  correspondentes aos  milhares de aderentes que não serão, obviamente,  seus associados. E,  dos actuais sócios,  fica a duvida,  a DECO  não  reterá. Então,  vai   devolver  aos Sócios?
Mas, quem  faz  os débitos, emite as facturas,  é  a distribuidora. . .
Vai  a DECO  ceder-lhes os seus ficheiros  , a base de dados dos seus associados?
Que  grande confusão !
Que  falta de clareza  e  transparência  para  quem  deve  primar  exactamente pelo  contrário.    

E,  não  cobra ou não retém  comissões relativamente aos seus já associados. Pudera,  entre  os  milhões  de  consumidores  que  possam  cair  na  campanha,  o  subconjunto  dos  que  sejam  já  sócios  da Deco  será  quase  residual.
Depois,  esse  proveito  a  que  diz  renunciar,  comparado  com  os  ganhos  que  só pela  base de dados,  se não  houver outras  comissões  ou  proveitos do  fornecedor de energia  que  ganhe  o  leilão  envolvidos,  tornam  ridícula  a  verba  dos  já  associados  da Deco.

Não  pretendo  fazer  juízos  antecipados  ou  infundados.
Mas,  que  tal  como  no  caso  do afastamento  do Secretário de estado,  dos preços  e agravamentos  para  quem  não  mude  de fornecedor,  este  leilão  cheira  a   grande  esturro,  lá  isso  cheira  mesmo.

Mas,  como  inicialmente  tive  o cuidado  de  salientar,  legal,  á  sombra  da  lei  que  existe  ou  é  omissa.

E  os  consumidores?
A  quem  podemos  reclamar,  pugnar  por  seriedade,  rectidão,  ética  e  rigor?

Á  organização  dos consumidores,  parece  que  não. Á Entidade Reguladora,  está  visto  que  muito  menos.
Á  Autoridade  da  Concorrência,  idem, idem, aspas.

Os  cidadãos  terão  que  tomar,  de facto,  os  seus  interesses,  a  ética  e  o  rigor  das  suas  coisas  nas  próprias  mãos.  Caso  contrário,  a  falta  de vergonha,  o negócio  pela  ganância,  o  despudor,  tomarão  conta  de  todos  nós.
E  há  que  ter  Esperança  e  acreditar  que  ainda  será  possível,  por  nós  próprios,   inverter  esta  podridão.

Se  há  de  facto  alguma  oportunidade  que  a  crise  nos  revelou  de novo,  diz-se  muito  que  as  crises  geram  novas  oportunidades  e desafios,  não  são  os  legítimos  e  aflitivos  desenrascas  que  levam  famílias inteiras  a  inventar negócios  de venda  de chupa  chupas  em  carrinhos de mão  como  no  chamado  “terceiro  mundo”.

A  verdadeira oportunidade foi  a  crise  ter  mostrado  claramente  que  a FORÇA  está  do  lado  dos Consumidores.
Há  já  exemplos  claros  dessa  força. Se grupos de consumidores deixarem  de comprar em determinados locais, marcas ou mesmo  produtos,  os  donos  do  mercado  mudam  obrigatoriamente de comportamentos.
Se os  consumidores de noticias deixarem  de ligar  certos  canais  abusivos de  televisão  onde a angustia é distribuída em doses enormes á hora das refeições,  por  forma  a  causar-lhes  sérios problemas de saúde e sociais,  eles irão  mudar  pois medem  as audiências  minuto  a minuto.

Assim  os  Consumidores  se  saibam  organizar  e  a  verdadeira oportunidade  desta  crise  estará  ao  alcance  para  a poder  mudar  de rumo.

Mas é necessária  determinação  e  uma  boa  liderança, claro.

  

sexta-feira, 8 de março de 2013

YOUR EUROPE, YOU SAY - Carlos Pereira Martins visited Liceu Sá da Bandeira in Santarém

Every year CESE  choses one School  from each of the 27 Member States and invites three students from each of the Schools  to  come to Brussels and  simulate a Plenary Session and approve one Opinion about subjects oriented and related  with Youth people.



  This  year, the School  from Portugal  is Liceu Sá da Bandeira  from  Santarém   a city  around 100  kms  north  from  Lisbon.
This  School  lasts   from   170  years  ago  !



I  went  and  visit  the  School,  today,  the  8th of March,  speaking  to  Students  about  EESC  and  the european  Institutions.

Liceu  Sá  da Bandeira  was  nominated in  2005  by  UNESCO  with  the  award "Young Scientists  for  the  Future"

In the main  entrance  there  is a special  board  with  the  names of the best students  in  the  School.


This  touched  my  deep  because, when  I  was  a   young  student,  I  used  to  be  often  in  this  kind  of  board,  in  my  School

The  ambience  is  amazing,  with  very proper  areas,  open  air  courtyards,  very  nice  old  furniture,  like  a  museum .


 The  chairs  were  made originally  for  the School  with  the  initials  LSB (Liceu Sá da Bandeira)


Here  are  the  three  Students  who  will be  in  the  April Plenary Session,  in  Brussels.
 Diogo Dias, Filipa Cunha  and Miguel Almeida,  and  the  Teacher  Marina Nogueira  and  the  Director  of  the School
 We  spoke  a  lot  about  Europe,  EESC,  the  european  Institutions, and  the  European organized Civil Society.
We  have  seen  a  video  prepared  to   
let  people  know  about  CAIS,  the  portuguese  Institution  of  homeless people  the  was  nominated,  
last  December,  with  the  European  Civil society Prize  of  2012,  proposed  by  myself.




 Some  areas of  Liceu  Sá  da Bandeira,  a  very  nice,  warm  and  comfortable  place  in  Santarém.








 The  library  is  really  a  must  in  this  School.
There,  we can  find  books  dated  from  the  year  1600,  very  unique  pieces  regarding  quality,  rarity  and  writers.

domingo, 3 de março de 2013

Venci o Construções na Areia, Figueira da Foz, 1964



Como  em  tantos  anos  antes,  desde  sempre, o mês de Agosto  era  passado  na praia com os meus Pais. Desde  o meu  primeiro  ano.

De início,  íamos  para  a Praia de Espinho.

Mais  tarde,  a  partir  de  1962,  mudamos  o rumo  para  a  Figueira da Foz.

como  desde  sempre  tive  alguma habilidade para desenhar  e  construir,  nesse verão  de  1964  ,  concorri  ás  construções na Areia,  do  diario de noticias,  esculpindo  em  areia  um FLAMINGO !

As  penas  da  asa  lateral,  foram  simuladas  com  conchas  de  mexilhão,  abertas  e  sobrepostas.

No  final  do  dia  29  de Agosto,  estava o mês  mesmo  a  acabar  e o regresso  a Viseu  a  preparar-se,
fui  ao  Casino  da figueira  da Foz  receber  o  primeiro  prémio  da  Categoria  correspondente  á  minha  idade.
Foi  o  Duo  Ouro  Negro  quem  me  fez  entrega  do  prémio,  uma  bicicleta,  mesmo  á  minha  medida  mas  que   apostando  que  ainda   viesse  a  ganhar  centímetros  em  altura,  tudo  aconselhava
que   fosse  trocada  por  uma    com  roda  maior.


Foi   o  que  foi  feito  na  loja  do pai  do  famoso  Alves Barbosa,  ali  mesmo  por  baixo  da  piscina  da Figueira.

Um  regresso  a  viseu  cheio  de  alegria  e ,  muito  convencido,  fui  registar  o  velocípede  á Camara municipal. com  placa  amarela  de matricula  e  tudo.


Uma  grande recordação,  esta VITÓRIA no  concurso  das Construções  na Areia  que  agora,  tantos  anos  depois,  consegui  obter  cópia  do  jornal  publicado  no  dia  seguinte.