domingo, 28 de outubro de 2012

5 de Outubro de 2012 , 102º Aniversário da República portuguesa !



Uma enorme Honra :  estar, no dia 5 de Outubro, entre grandes Republicnos ,  entre  os quais,


O Dr. Almeida Santos
5  de Outubro de  2012, cerimonia na Camara municipal  de Lisboa






Alberto Martins, num jantar Republicano






Edmundo Pedro e Antonio José Seguro no jantar do Partido Socialista comemorativo do 5 de Outubro

sábado, 27 de outubro de 2012

Chipre, Nicósia, 15 a 20 de Outubro - Bureau do CESE, Conferência "Civil Society for a New Governance in Europe" e Observatório do Mercado Interno

Enquadradas na Presidência de Chipre  do Conselho Europeu,  várias iniciativas tiveram lugar em Nicosia na semana de  13 a 20 de Outubro.  Entre elas  a Conferência  sobre " Sociedade civil e a Nova Governancia Europeia"   e  a reunião do Bureau  do CESE,  orgão superior de decisão desta instituição Europeia.
Paralelamente, realizou-se também  o Observatório do Mercado Interno. 


Ministra do Trabalho de Chipre



Paralelamente ás várias reuniões,  tive ocasião de visitar várias cidades da Ilha, entre as quais  Pafos e Petra a que a foto se refere,  praia  quente e agradável, com a água do Mediterraneo a 29º,  e com um conjunto de rochas no meio da água, de onde, reza  a lenda, saiu AFRODITE.


As Rochas de Afrodite
 Em Larnaca, estão  os dois tumulos de Lazaro  que, depois  de ressuscitado por Cristo,  veio viver mais trinta anos de vida em Larnaca onde foi Bispo
          ( Fronteira turca )


 Em Nicosia é possível  atravessar a fronteira que separa a parte ocupada  de Chipre, o norte da ilha.
Em  1974,  a Turquia ocupou  aquele território  que até hoje assim permanece apenas reconhecido pela própria Turquia

 A Mesquita, antiga Catedral Catolica
Parte ocupada de Chipre



quarta-feira, 10 de outubro de 2012



Acabar com a paranoia que nos meteram na cabeça, a primeira receita para acabar com a crise em que todos vivemos !



Move-me um propósito construtivo, de ajudar, dentro do possível, a encontrar soluções, para acabar ou minorar a gravíssima crise com que nos confrontamos e que ameaça muito seriamente alargar-se a todos os Estados Membros da UE , que mina os alicerces e princípios fundadores do projeto Europeu, o modelo social europeu e as próprias democracias.

Antes de mais, porque de matérias de natureza económica se trata, convirá ter presente que a economia é uma ciência social, não uma ciência exata.

Significa isto que qualquer fenómeno económico, qualquer factor que seja mexido, qualquer alteração numa política tem repercussões em variadíssimos outros factores e aspectos da realidade económica  no seu  todo. 

Significa também que não dou crédito, por regra, a quem sobre matérias económicas tem verdades adquiridas e age ou comunica como se de ciências exatas se tratasse.

A história muito recente do País mostra isso com toda a clareza. Tudo tem implicações em quase tudo e quando se opta por atuar com um determinado instrumento, os impostos, o fator mão de obra, salários, emprego, consumo, etc, surgem comportamentos muitas vezes tidos por inesperados ou surpreendentes exatamente porque não foi tido em conta que se trata de uma ciência social.
Tenho, de facto, as maiores reservas em relação a quem apresenta opiniões em matéria económica como se de atos de fé se tratasse ou de verdades inquestionáveis.


Como economista, Membro do Comité Económico e Social Europeu, Conselheiro do Conselho Económico e Social português, tenho acesso a vasta informação que não posso deixar de ter presente e dela fazer uso para o bem comum, para a causa e defesa do interesse público.


Como economista, considero, com fundamentos técnicos, que há um erro na formulação de prioridades recentemente anunciadas no sentido de superar as dificuldades atuais da economia portuguesa e lograr relançar o país no sentido do crescimento e do equilíbrio das contas nacionais.

Não creio que devam manter-se expectativas tão elevadas nas Exportações , como os responsáveis governamentais pelas politicas económicas recentemente anunciaram .

É verdade que existem, presentemente, novos destinos de exportação para os bens e serviços produzidos em Portugal mas, o seu peso no conjunto das exportações portuguesas não tem ainda o significado que se pretenderia. Os principais mercados de destino das nossas exportações estão, também eles, em grande queda e com perspetivas muito pouco animadoras já para o muito curto prazo.
Espanha é , por tradição e por razões geográficas, o nosso mercado natural e tudo indica que muito proximamente não venha a registar melhorias significativas em relação ás quebras que já hoje se observam.

Os restantes mercados do centro da Europa e mesmo da chamada europa de leste e os periféricos, acompanham esta tendência.
O próprio Brasil, terá, a meu ver, tempos difíceis a não muito longo prazo já que todos os indicadores confirmam a existência de uma bolha imobiliária e de concentração de risco e elevada alavancagem do sistema financeiro que nos deve levar a estar atentos.
Infelizmente.

A forma de melhor contribuir para o relançamento da economia portuguesa e para minorar a elevadíssima taxa de desemprego susceptivel de minar seriamente a estabilidade social e a própria democracia, passa pela dinamização e estímulos ao Mercado Interno orientada para a substituição de importações.

Por esta via, não só se conseguirá dinamizar a procura interna, o consumo, principal factor para manter em atividade e dinamizar as empresas e o tecido industrial e comercial, bem como para  parar com o ciclo assustador de falências e destruição de emprego, e lançar as bases para a efetiva criação de novos e mais empregos.

Por essa Europa fora e um pouco por todo o mundo foi muito irresponsavelmente alimentada uma paranoia de cortar em tudo, parar com o consumo, poupar sempre mas , medo em gastar fosse no supérfluo fosse no essencial.

A conjuntura ajudou muito na propagação dessa paranoia irresponsável pois muito boa gente que para isso contribuiu e contribui ainda, tem toda a obrigação de saber e calcular os efeitos devastadores do que está a semear.

É verdade que as Pessoas, as Famílias, as Empresas e os Países se viram confrontados com a falta de fundos, com a escassez de meios e com o peso demolidor das dívidas acumuladas.

Neste quadro, é inegável que é necessário fazer esforços de continência nos gastos, sobretudo no que é supérfluo, no que é faustoso e desnecessário, sobretudo no que possa ter origem no Estado, as despesas públicas.
No que seja privado, se legitimo, o consumo deve ser até bem vindo, não deve ser perseguido.

Daí que um discurso de prudência e de apelo á continência de gastos de quem tem responsabilidades pela condução das políticas , fosse aconselhável e justificado. Mas, a receita aplicada de tudo cortar, de levar tudo e todos a entrar na paranoia de parar com o consumo, fosse ele de que natureza fosse, sendo as pessoas levadas a fazer isso mesmo já que os seus rendimentos lhes vão sendo dia a dia subtraídos ou abusivamente retirados, caso das pensões de reforma que são reservas constituídas pelos próprios , retiradas aos seus ordenados ao longo de uma vida de trabalho, demonstrou-se  uma medida devastadora e corrosiva do tecido social e dos próprios regimes democráticos.  Demonstrou-se com toda a evidência, não é uma questão de crença, de ideologia ou de fé, está comprovada pelos factos.

É possível e legitimo que cada um possa e deva fazer contenção. É até recomendável. As leis dos grandes números encarregar-se-ão dos equilíbrios necessários para que a vida não pare e a espécie se conserve.
Não é possível é que TODOS parem de consumir ou de produzir ao mesmo tempo. Nessas circunstâncias é o fim anunciado e realizado.

Volto á minha primeira questão, é tecnicamente incorrecto colocar todas as prioridades e expectativas nas Exportações bem como no aumento da carga fiscal.   A recente comunicação do Executivo, Ministro das Finanças, lançando as linhas básicas das medidas para o Orçamento de Estado para 2013, elegem as Exportações e o IRS como as ferramentas essenciais. E, a meu ver, está tecnicamente errado.


É dos compêndios de economia que os limites superiores de incidência fiscal, de agravamento de impostos, conduzem a uma maior fuga e evasão fiscal, á domiciliação de rendimentos fora do País , ao aumento da economia paralela , dita informal ou negra, á fuga de capitais.
De tudo isto temos já exemplos claros. E muitos.


Como economista, partilho da opinião que ao invés de se procurar colocar como objectivo prioritário a redução dos défices, externo e orçamental, o rumo a traçar e os objetivos a prosseguir deverão ser o crescimento e a redução dos níveis de desemprego.

É um erro colocar tudo e todos a “trabalhar para os défices” até pelo simples facto de que os défices, em percentagem do PIB, o Produto Interno Bruto, como é usual medir-se, aumentam por si só, mesmo sem que o endividamento aumente, mesmo que não haja recurso a novos compromissos com os credores, apenas pelo facto de o PIB estar a diminuir, a decrescer.

Assim, é evidente que continuar a aplicar cortes sobre cortes nos rendimentos, nos salários e nas pensões, leva á paralisação do consumo, a mais falências de empresas, a mais desemprego, em suma, a menos produção de riqueza.
Logo, diminuindo o PIB e mantendo-se embora o endividamento já existente, é claro que a relação entre a divida e o Produto aumenta, logo, estamos a agravar o endividamento.

Não há receitas milagrosas para enfrentar uma crise europeia e mundial até pelo facto de os efeitos das medidas se replicarem por vezes com consequências contraditórias.

O que por agora interessará ter presente é que, como cada vez mais entidades insuspeitas reafirmam, incluindo o FMI, BCE e CE,  é que, esta receita  de mais austeridade e perda de rendimentos  piora  a situação do País, leva á desagregação social. Leva á paralisação do Estado e da Economia e pode levar a cenários  de perda de PAZ  que há décadas nos empenhamos  em  arredar. 


A questão tem a ver com Coragem.
Coragem para tomar opções num contexto de crise grave, do País e de quase todos os Estados europeus e mesmo de outros continentes.

Coragem para eleger outros objectivos e metas que não sejam a austeridade que, está provado, não leva a nada mais que não seja ao agravamento do mal que está estava instalado.


Em muitos Estados membros europeus o despoletar da crise, por sinal, financeira, no inicio e com origem do outro lado do Atlântico, foi aproveitado por quem estava na oposição aos poderes constituídos, para promover a alternância, para conquistar o poder pelo poder, não pensando ou prevendo as consequências que daí adviriam.


Em Portugal não andamos longe disso, as culpas do estado da economia e dos problemas foram simplisticamente colocados em quem estava no poder isolando as responsabilidades da crise europeia e mundial que estava presente.

Há um argumento forte tido por incontestável que é frequentemente utilizado: “mas não havia dinheiro para pagar mais nada nos próximos meses, nem pensões nem aos funcionários públicos nem aos fornecedores do Estado”.
Mas isto foi e é o argumento para convencer o elitorado, para ganhar votos e o poder.

Não pode ser ignorado o facto de o risco associado ao Estado português, devido ao excessivo grau de endividamento, ter chegado a colocar em causa a solvabilidade do próprio Estado.
É evidente que se chegou a uma situação de quase colapso mas é também evidente que outros estiveram ou estão ainda na mesma situação, e outros aí virão muito proximamente, e alguns deles renunciaram á via simplista de submissão aos predadores dos mercados de divida pública e encontraram vias alternativas sem ter que liquidar a classe média, sem ter que destruir o tecido produtivo e o comércio, sem ter que colocar milhões de cidadãos no desemprego.

Não creio que o problema de Portugal seja um problema de elites. As elites são necessárias e imprescindíveis na exacta medida do aproveitamento das suas escorreitas capacidades e liderança no sentido do crescimento, da criação de valor para a Sociedade, das suas capacidades e conhecimentos.

O problema português e de muitos outros países é a condescendência com certas práticas elitistas e não apenas das elites que se configuram fraudulentas, que promovem e objectivamente facilitam a corrupção, factor fundamental para o estado a que tudo isto chegou. E, nas condições atuais, em nome da crise, com terreno fértil para proliferar. Vejam-se alguns casos recentes ou anunciados, por exemplo a venda paga de um Banco a interesses estrangeiros, promovida por leites nacionais vendidas a esses interesses.


Tal como noutros países, agora e em tempos e depressões passadas, há um fenómeno que valerá a pena aqui referir pelo impacto social que tem e pelo efeito destruidor na vida das Famílias e no tecido social.
Refiro-me ao elevado grau de incumprimento e mesmo de impossibilidade de um número muito significativo de famílias não poder honrar os compromissos assumidos pelos créditos á habitação, créditos hipotecários, contraídos nos tempos de pretenso desafogo, ou de normalidade.

Penso que este problema, gravíssimo quer para os devedores que consigo arrastam para situações de desespero pelo menos os familiares mais próximos,
quer para os credores, a Banca e o sistema financeiro em geral, só tem solução com uma elevada dose de coragem política.

Há mesmo alguns economistas como o prémio nobel Paul Krugman ou Stiglitz que a este fenómeno se referem sugerindo a tal dose de coragem política que possibilite uma real redução e perdão parcial das dividas contraídas e o alongamento dos prazos de amortização.

De facto, contra um risco real e iminente de estrangulamento social, sem solução possível pelos métodos convencionais das execuções judiciais e entrega dos imóveis aos Bancos, o perdão parcial de divida e a criação de condições para que se retomem os pagamentos e se evite o colapso geral, é uma solução aceitável.
Coragem, e muita, é necessária para quem governe e lidere essas politicas já que contará, por certo, com um coro de criticas e de agitação por parte dos sectores mais conservadores ou politicamente oportunistas, baseados na critica fácil que se estará a favorecer quem é relapso, quem não honra os seus compromissos, finalmente, quem vive á custa dos outros.
De qualquer forma, parece-me ser a solução possível e os governantes que ficarão na história são os que, em momentos difíceis, mostrem ser corajosos quanto baste.




E terminarei recordando o que escrevi já logo no inicio :

porque de matérias de natureza económica se trata, convirá ter presente que a economia é uma ciência social, não uma ciência exata."



Quase todas as críticas feitas aos responsáveis políticos em matéria económica, sejam governantes, oposição ou ao próprio Senhor Presidente da República, repito, em matéria económica ,pois da matéria política não me quero ocupar,
Não são sustentadas em termos científicos. Carecem quase todas de fundamentação base científica para que possam ser levadas a sério.

Acontece é que aparecem pela boca de comentadores políticos, figuras muito conhecidas da opinião pública e que , por isso, são escutadas e muitas vezes levadas a sério e mesmo aplaudidas.

Verdades absolutas, criticas irrefutáveis numa lógica de raciocínio matemático, em matérias económicas não são sérias pois se não levam em conta a natureza dos fenómenos económicos, as implicações em quase todas as outras variáveis, não são sérias, não terão valor científico como se tem vindo a comprovar.

Outra coisa será as pessoas gostarem de as ouvir, vindas de pessoas com reputados conhecimentos que não estão ao alcance de todos.
Outra coisa ainda será as pessoas escutarem, concordarem e até rirem com essas criticas disparadas com alça certeira e afiada.

Mas há que compreender que de uma boa piada e de uma alfinetada bem dirigida, quase toda a gente gosta, sobretudo em períodos de maior melancolia, de dias cinzentos e se o horizonte se anuncia ainda mais tenebroso.

Mas, aí, esses comentadores, não estarão a comentar a sério. Estarão, quando muito, a fazer, conscientemente, palhaçadas.
Está muito em moda referir, a torto e a direito, os Economistas como pessoas que apenas fazem previsões  no fim dos acontecimentos consumados.  palavras ocas, irresponsáveis mas que fazem rir, claro.

Estarão a usar o tempo que através das televisões ou da comunicaçãoo social em geral lhes estamos a pagar, contribuindo, aí sim, para o uso dos nossos impostos em proveito próprio para fazer palhaçadas ou jogos de acesso ao poder.

E há que distinguir, sobretudo quando o dinheiro é mais escasso, se queremos palhaços ou técnicos, gente de ciência ou bobos.