segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Marcelo, o Brexit e o Populismo !



As opiniões surgem com a prontidão a que estamos habituados, quase sempre sem antes ter havido a preocupação de ponderar as questões sobre as quais as pessoas se pronunciam.

Também, numa grande maioria de circunstâncias, as opiniões do cidadão comum são meros ecos de juízos já feitos pela comunicação social, pelos jornais e canais televisivos especialistas em tudo que é um "quase nada".

Fala-se no Brexite muitas pessoas pensam e tendem a simplificar perigosamente que "é lá com eles; se os ingleses querem sair, estão no seu direito e assumem as consequências para o bem e para o mal".

Fala-se sobre o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e a simplificação é a mesma, " ele está em tudo, em todo o sitio",uns opinando que é bom, que faz bem, outros opinando que é demais, que já é um exagero.

Fala-se de Donald Trump  e acontece o mesmo. As pessoas simplificam e desvalorizam os comportamentos. Uns auguram-lhe um futuro incerto, outros até coisa má. Mas quase todos desvalorizam o assunto pela simples razão de pensarem não ter a ver connosco traduzido em "os americanos têm o que escolheram"
E pronto.


Acontece que nada é assim tão simples. A realidade e o mundo em que vivemos, embora não conste que alguém tenha dado noticias de um outro, é bem mais complexa e perigosa, infelizmente.

A vida e os moldes em que vivemos, os valores, a envolvente social e política, os sistemas sociais, a redistribuição, solidariedade, justiça social, democracia, igualdade de género, família, igualdade perante as leis, mesmo o espírito fraterno e tolerância perante os diversos credos, pesem embora todas as situações de déficit em relação a cada um destes conceitos que são sempre situações muito pontuais e não a regra, estruturais, só são praticados e estão enraizados na Europa, nos Estados Unidos da América e pouco mais. Na Ásia, os atropelos e a recusa sequer em discutir valores fundamentais como os direitos humanos, são o comum e não a excepção. Em África, na quase generalidade dos países, a fome, a miséria e a doença sobrepõem-se a quaisquer outros valores ou retira espaço á discussão, progressão e enraizamento desses valores.

Andarão as pessoas esquecidas do que foram os últimos cem dias da Primeira Grande Guerra e do papel determinante que tiveram a Inglaterra, a França, os EUA, a Russia e a Australia na defesa da civilização e valores sociais que ainda hoje temos ?

A corrente solidaria que nasceu entre a Inglaterra, a França, Russia, Belgica, Portugal e os restantes aliados em geral, só foi possível porque os seus cidadãos tinham a uni-los o cimento comum dos Valores civilizacionais que lhes foram passados desde há gerações atrás.

E aqui encontramos uma fortíssima razão para não simplificarmos ou desleixarmos a saída ou não da Inglaterra da UE.

Não é a Europa como a conhecemos que não pode prescindir da Inglaterra. Somos nós, cidadãos da Europa, da América e da forma de vida que sempre tivemos e queremos continuar a ter, que não podemos prescindir da Inglaterra como Membro por inteiro da UE.

Não poderá haver, como não houve na altura da Guerra, direito ao "façam o que bem entenderem”

Seriamos tolos por incompetência política se assim pensássemos e pior se assim agisse quem nos governa. Cada cidadão inglês tem no âmago, nas suas entranhas, os valores da sociedade em que temos vivido. 


É por demais evidente que o populismo como forma de arrebanhar adeptos e votos para que a extrema direita tome progressivamente o poder, ou mais poder, nos diferentes Estados, é uma forma e uma moda que se tem revelado muito eficaz, beneficiando da falta de cultura, informação que não seja viciada e preparada para alienar e massificar. Ajudada como todos os dias se vê e veiculada pelos meios de informação.

Aconteça o acontecer, seja coisa boa, nem boa nem má ou desgraça, os populistas de serviço aparecem de pronto, seguram-lhe as rédeas e falam, falam, deturpam e conduzem a chama para perto do seu cozinhado.

É uma técnica que requer de quem a pratica uma ausência total de escrúpulos, de sentido ético, ausência de valores. Mas há sempre quem esteja disposto pois é sabido que tem retorno garantido.

E é aqui que tudo isto liga aoPresidente Marcelo Rebelo de Sousa.
Considere-se adequado ou exagerado, é um facto que, pelo menos em Portugal e enquanto o Presidente tem agido com a sua"politica de proximidade", quando algo acontece que poderia dar espaço aos populistas ou mesmo a conhecidos e habituais lideres da direita, quando eles pensam avançar ou comentar, o Presidente já lá esteve, já disse, já deixou chorar no ombro, já falou de sua justiça e tirou conclusões prospectivas. 
Até agora, Marcelo Rebelo de Sousa, como a América ou a Russia no período mais difícil da Priemira Guerra fizeram com a sua ajuda, tem afastado a negridão.
Vale a pena reflectir nisto. E no papel tantas vezes injustiçado, por cómoda simplificação, que tem tido o Presidente da República. 

Por último e pela mesma ordem das citações iniciais, quanto ao que se passa na sociedade e na política americana, para que mantenhamos o modo de viver, os valores e tudo o que até aqui fez de nós o que e como somos, também não é possível alhearmo-nos do que se passe nos EUA. 
Aí, os Republicanos terão e deverão arrumar bem a casa para que nela possam viver e continuar a receber quem nela gostará de entrar.


E talvez seja tempo de, como há poucos dias me dizia um amigo, passarmos a temperar a acção politica com sal grosso em vez do até aqui tem sido tão usado, o sal refinado. Ou pensam que o Popeye comemorou esta proveta idade só com papas e bolos fofos? 
Sal, mas do grosso ! 
Carlos Pereira Martins,  27.janeiro. 2019

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Teatro A Barraca - Encontros Imaginários - 21.janeiro. 2019


Participações de Francisco Teixeira da Mota, advogado, THOMAS HUXLEY
José Romano, arquitecto, PULITZER
e Carlos Pereira Martins, economista,  IONESCO.

Textos de enorme  qualidade  de Helder Mateus da Costa