terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Plano Nacional de Segurança Rodoviária - breves apontamentos - sugestões / comentários



Discute-se agora o Plano Nacional de Segurança Rodoviária e define-se como objectivo a redução do numero de vitimas em acidentes nas estradas, em 2020,  para metade do que actualmente se verifica.
Quem não  poderá estar absolutamente de acordo com esse objectivo?

Com a experiencia que tenho  de ter já presidido a Pareceres Europeus sobre a sinistralidade e segurança rodoviária, bem como ao Parecer sobre a Estrategia Europeia dos Transportes, deixo, para quem tenha a paciência de ler, dois breves apontamentos.

A meu ver, muito mais do que a redução da velocidade nos centros urbanos, já anunciada pelo Governo, há dois factores  fundamentais que concorrem para o índice elevado de  sinistralidade rodoviária que actualmente se verifica.
Por um lado  e razão  de fundo,  os níveis de  educação dos cidadãos e  observância  de padrões mínimos de regras de cidadania,  convivência em sociedade  e respeito  pelos outros.  O que muito falta ao cidadão anónimo, generalizado, em Portugal , sobretudo  quando  se apresenta ao volante.
Por outro lado  e não menos decisivo embora interligado com a educação,  é  o que defino por  condução agressiva.

Seria oportuno e importa definir na lei  o conceito  de condução agressiva. 
Como exemplos  desta atitude e pratica de condução  e para que melhor se entenda,  adianto  a mudança intempestiva de faixa de rodagem, o mudar   frequentemente de faixa  mesmo fazendo a sinalização obrigatória para estas manobras,  a condução  demasiado próximo da traseira das outras viaturas, a mudança brusca de velocidade muitas vezes com mudança também de faixa de rodagem.  A mudança de faixa de rodagem sem  justificação relevante, é em todos os países a maior  causa  de  sinistralidade.

Está estudado e comprovado pelas autoridades rodoviárias competentes que não é a velocidade o facto decisivo no aumento dos índices de sinistralidade. É sabida a acção nefasta e determinante  do álcool e das drogas, infracções que acções meritórias motivadoras de mudanças de comportamentos conseguiram, em Portugal, ter efeitos  muito positivos na ultima década.

A redução  da velocidade  nos centros urbanos para menos dos actuais 50 km/hora,  pode,  ao contrario do que se pretende,  concorrer para um aumento generalizado  dos estados de tensão e ansiedade dos condutores, esses sim, motivadores de comportamentos negativos que possam originar mais acidentes.


Ainda  outro aspecto que não é de todo compreensível na situação actual, a conduta das motos e  motociclos, os veículos de duas rodas em geral, que, ao contrario dos automóveis, passam incólumes no transito citadino sem respeitar velocidades máximas permitidas para os restantes veículos e com a complacência generalizada das autoridades.
Não raro nos confrontamos com  situações de limites urbanos de 50 km/h, os automóveis  a cumprir e  os condutores a verem passar motos ou motociclos a velocidades absolutamente  acima do  que a lei permite. E parece estar a generalizar-se uma atitude de permissividade, das autoridades e dos cidadãos relativamente a estas situações.
Também  os radares parecem  não estar a cumprir, no que ás motos e motociclos diz respeito,  a sua acção fiscalizadora.

Por ultimo,   o falar ao telefone  manipulando  o telemóvel,  durante a condução. Se é verdade que em estrada essa pratica  perigosa está em declínio e severamente punida,  é  um facto  que na cidade,  continuam a observar-se muitas  prevaricações  que rege  fazer  banir  dos comportamentos dos condutores portugueses.

Carlos Pereira Martins



sexta-feira, 19 de janeiro de 2018



Cá para mim, houve intenção!


Insisto na convicção que vou  fortalecendo,    há na Natureza   uma  intenção. 

Os exemplos são  muitos, em  tudo e em todo  o lado  o  podemos comprovar. Acontece que,  também  quase sempre,  a isso não  prestamos atenção,  não  nos apercebemos  do  que temos á frente dos olhos.

Os equilíbrios necessários para que se mantenha a vida são  de tal forma  instaveis,  exigentes e dir-se-iam  tão  improváveis de acontecer ou manter que, muitas vezes,  a comunidade cientifica refere que  viver é  um  milagre, ou  refere-se ao  milagre  da  vida.
Bastaria  que   certas comunidades de bacterias ou de moléculas   diminuíssem  de  uma pequena quantidade nos totais de milhares de milhões em que  algumas se  agrupam e as condições para manter a vida ir-se-iam.

O mesmo acontece ao nível planetário, no nosso sistema  solar  e no universo.
Bastaria  uma ligeira deslocação  do  sol, no  nosso sistema solar,  e seriamos  para ele atraídos e esmagados, perdido que fosse o equilíbrio das forças de atracção ou de sentido  contrário.  E o mesmo é valido para   os milhões de constelações, estrelas e corpos celestes  que povoam  o universo.

No  nosso corpo,  os exemplos aparecem  em todo  o lado, em todos os orgãos e  no seu conjunto. 
Mas vejamos alguns exemplos.
A saliva contém  um  analgésico  mais poderoso que a morfina, embora doseado convenientemente para que não andemos drogados. É a opiorfina,  em grau suficiente para que  corte  imediatamente o excesso de bacterias que  entram  no  primeiro ponto  de acesso  ao  corpo, ao sistema imunitário, a boca. E não é necessário comer, basta mastigar pastilha elástica ou simular que o fazemos e a saliva inunda a boca pronta a actuar.

Muitos povos  promovem inconscientemente, por tradição,  os vários equilíbrios.  Por exemplo, diz-se e é de facto assim,  que  os brasileiros  gostam e comem por tradição  o arroz  com  feijão.
É que ao feijão  falta um aminoácido , a metionina,  que faz falta ao organismo mas que o arroz tem. Daí  a junção do arroz ao feijão.  E  também ao trigo falta  um aminoácido, a lisina e ao milho o triptofano. Daí  juntarmos na confecção do  pão, o trigo e o milho,  e dizermos que faz melhor ao organismo.

Em  muitíssimos países as pessoas ingerem  intuitivamente, há séculos, alimentos que se completam, arroz com feijão, a massa com queijo italiana também não surge  por acaso, as tostas com manteiga de amendoim e poderiamos  encher folhas de exemplos semelhantes.

Falava   do  orificio  que primeiro surge  no tubo digestivo e citava  um exemplo de defesa do equilíbrio imunológico,  da  vida.
Se, por oposição falarmos do ultimo orificio, não necessitaremos de  investigar muito para podermos dar outro exemplo obvio.   Aí  se encontram dois  pontos  de  saída  dos alimentos rejeitados  pelo  organismo depois de extraído tudo  o que nos é necessário  para transformar o que ingerimos  em energia  e manter a vida. Sim, porque  o organismo vive de energia, dos alimentos  e  do ar.  Retiramos energia  de alimentos  em estado solido e do ar que respiramos retiramos energia  em estado gasoso.

Tudo na Natureza é energia  que não se destroi, apenas se vai transformando.    No exercício da nossa sobrevivência  vamos consumindo energia  e   vamos transformando  tudo  em  nova  energia. 

Mas regressando  ao tubo digestivo  e  aos dois orifícios citados, um é um esfíncter interno e outro  o esfíncter externo, visível.  Os dois estão em intimo contacto e relacionamento.   O  interno  tem por função abrir e dar vasão  ao  que é rejeitado, o que já não presta. O  esfíncter externo tem por função o equilíbrio da relação do corpo com o que o rodeia. É assim que muitas vezes o interno recebe e comunica com o cérebro a necessidade de abrir e expelir fezes ou gases e o externo se apercebe  da transmissão pelo cérebro  da informação  que o local não é o apropriado, que há pessoas na proximidade, em suma, que não deve acontecer.  E reprime a evacuação.  Do mesmo modo é capaz de transmitir ao esfíncter interno que a saída de gases não pode acontecer, se o local, ambiente, etc, não for adequado, também. Mas pode chegar a um ponto de transmitir que , se for em dose moderada, poderá acontecer.  

Os próprios seres vivos vegetais  também se preocupam com essa INTENÇÃO  que constatamos na Natureza.  
O trigo, o milho, a aveia, todos os cereais e seres vivos existentes se preocupam em  reproduzir-se  e conservar a espécie,   Quando  são ameaçados, mesmo os seres vivos vegetais, se defendem. Envenenam as sementes, por exemplo. O trigo assim faz e temos como consequência , actualmente,  um  aumento   assombroso  dos casos  de alergia ao glúten por parte dos humanos.  Não com dose de veneno  capaz de matar tudo e todos á sua volta, apenas o necessário  para reduzir  o consumo. Por agora.
E são  os muitos milhões de milhões de equilibrios deste e de outros  tipos e exemplos  que poderiam ser dados  que  levam a pensar que  há na NATUREZA  uma clara intenção. 
Não  leis deterministas, castigadoras  ou não,  mas  UMA INTENÇÃO.
Há  mesmo  quem  ouse dizer que, em teoria,  podíamos morrer várias vezes ao dia, tais  são  os equilibrios e desequilíbrios que se processam para que consigamos mantermo-nos  vivos.


E passando  dos exemplos para a realidade social, sócio-económica dos nossos dias,  é  impossível  não referir  o que  se está a fazer  para contrariar esta intenção equilibradora da Natureza e,  talvez, da vida  tal  como a conhecemos.


Não nego  os avanços tecnológicos  e  científicos  que são  evidentes em muitas áreas, em especial, tudo  o que tem a ver com tecnologia, medicina,  farmácia, engenharia, e muitíssimas outras aéreas do conhecimento.
Há três décadas não disponhamos, de forma generalizada como hoje, da ajuda dos computadores portáteis com  as facilidades  e capacidades que hoje, qualquer portátil tem.  Não era possivel comunicarmos  entre todos  com a facilidade que hoje, qualquer cidadão tem  com o seu  telefone portátil.  A esperança de vida aumentou imenso com os novos fármacos, conhecimentos sobre os alimentos  bem como através do desenvolvimento das técnicas cirurgicas. Pouco faltará para,  quando  um orgão, uma perna ou um braço funcionar mal ou se partir,  facilmente  podermos ir  substitui-lo por  um outro, humano  ou de fabrico  artificial.   Está  para breve e muito já se faz nesse sentido. 

Mas, também há poucas décadas, mais visível desde o inicio do século,   assistimos 
a um ascendente das doutrinas e ideologia neoliberais  que, em si,  contrariam  todo o sentido que aparece expresso  no que a Natureza faz, no que a Natureza cria, na conjugação de factores para que os equilíbrio de que falávamos se concretizem como até aqui.

Senão, vejamos.
São cada vez mais  as creches e  infantários  a trabalhar vinte e quatro horas por dia, para dar resposta a uma procura ainda muito superior á oferta, nas grandes cidades, Lisboa e Porto, pelo menos.   Era  uma realidade impensável  há menos de uma década e ainda hoje desconhecida, por certo,  da maioria da população.   Mas está  aí !
Aparecem cada vez mais empresas a solicitar aos trabalhadores, quando não a impor, o trabalho por turnos, cobrindo as vinte e quatro horas de laboração das fabricas. Sei  que sempre houve profissões e actividades que  se organizaram  com base no trabalho por turnos. Mas, uma coisa é haver   exemplos  pontuais,  caso dos mineiros  e  padeiros,  por exemplo,  outra muito diferente em termos da consistencia do tecido social, da saude publica e  das condições qualitativas de vida da população, no seu todo,   essa pratica ser generalizada. 

É  muito significativo, já hoje, o numero de pessoas que abandonaram  a ideia básica e inquestionável, até agora,  que o dia   é  para trabalhar e a noite para dormir, descansar, readquirir energias, refazer desgastes causados no corpo e no organismo pelo esforço da jornada de trabalho. Seja manual ou intelectual.

Pela Natureza, o corpo tem que cumprir o tempo indispensável de repouso diário e, para isso, para facilitar o sono e o retempero, ao dia segue-se a noite, a ausência ou redução de luz que possibilita o sono.  Há no repouso e na ausência de luz uma INTENÇÃO. 

É de noite, no descanso, no menor ritmo das  funções vitais que  muito se renova, se recompõe  e  que o fígado trabalha  a bo m ritmo, que o organismo  se limpa.

Mas os objectivos da  economia neoliberal e da maximização da produtividade, levam  ao que acima referimos e contraria o que a Natureza apresenta como  INTENÇÃO.

Foi sendo criada uma mentalidade de procura incessante do maior e mais rápido ganho de valor, de criação de mais valias, de concretização  do sucesso pessoal e empresarial a todo o custo no mais curto tempo.

Se havia uma razão para, mesmo inconscientemente,  se juntar o arroz ao feijão, para suprir deficiencias, também há razão para que o tempo de trabalho seja um  e não  outro. Para que se durma de dia e não de noite. Claro que há, como referi já,   casos diversos mas esses devem ser as excepções. Ter uma população inteira em que os jovens, as crianças, quase não passam horas de vida com os pais, não será, certamente, o que conduzirá  a sociedades equilibradas, a vida condigna e saudável, em suma, á conservação da espécie  como a tivemos até agora.

O progresso é saudável   e  deve ser perseguido e atingido.  
Mas, para que isso seja concretizável, a qualidade de vida, os tais equilíbrios de que falamos, terão que ser assegurados. E não parece que sejam possíveis  se a saude, fisica, mental   e emocional, for ameaçada como está a ser.

A histeria das ideias neoliberais e, algumas já com laivos fascizantes, de novo, só poderão levar, uma vez mais, á guerra, á destruição, á impossibilidade de realização dos equilibrios necessários á vida.
    


Convém esclarecer  que ao  falar  do  meu convencimento   da existência de uma “intenção”  no  que  pela acção da Natureza nos vem, e afinal acaba por ser tudo,  não lhe atribuo qualquer  orientação  premonitória, justicialista, religiosos ou divina.
Não, apenas uma “intenção”   que acaba por significar  e ser objectivamente  uma harmonia e uma  razão.


Neste ponto, não pode  deixar  de ser evidenciada  a preocupação que é busca  e  anseio  da humanidade em obter resposta a quando e como tudo começou, quem criou  antes do nada.

Mas  se a procura se ficar apenas pela criação da matéria, por certo  a resposta nunca virá.   Ou virá  deturpada. Virá  crença, virá fé ou fezada e nunca uma resposta objectiva e conforme com  as leis que a ciência nos apresenta, pelo menos até ao presente.

Afigura-se-me   que  a procura terá sempre que ser feita conjuntamente, da criação da matéria, do espaço  e do tempo.  O espaço, o tempo e a matéria são indissociáveis.   Á criação da matéria há que fazer coincidir a do tempo. Antes da matéria, é o nada, o vazio, pois que tempo e espaço também não existiam. Não  encontro  sentido  na   pergunta  que vejo feita com frequência, sobretudo em  ambientes  de elevada condensação  filosófica ou de saturação religiosa,   "e antes de tudo isto, o que existia"  ou  quem  criou  o principio  do principio.

Não  tenho para nenhuma das questões   uma resposta mas   terei, talvez, uma boa e importante achega suportada na ciência  para que a uma resposta  um dia  possa chegar. 

As crenças ancestrais e populares associam  a criação da vida, por um ser superior, ou deus, á argila e á água.  Da argila e da água, um Criador teria  dado inicio á  vida no Paraíso.
É espantoso mas a ciencia  confirma já, no presente, que a partir da argila com água é possivel obter vida.
Os atmos da argila que perderam  ou ganharam electrões, atraem a matéria á sua volta e incitam-na a reagir. 

E, outra intenção da Natreza, é que existe uma tendencia natural para que os individuos, a matéria, os atmos, se agrupem. As sociedades celulares  apresentam vantagens  evolutivas  em relação ás celulas isoladas. Desenvolvem-se, resistem  e vivem  com  muito mais facilidade.

Ao contrario do que muito tempo se pensou, mesmo nos meios cientificos, a vida não terá aparecido nos oceanos mas em lagoas e pantanos. Quentes e secos de dia, frios e humidos á noite, condições para que apareçam no horizonte temporal da historia do universo,  os quartzos  e  a  argilaNesse meio, pela tendencia de agrupamento das moléculas, formam-se cadeias  de moléculas  que se por sua vez se associam. As experiencias cientificas já feitas mostraram que, na fase de secagem desses pantanos, se formam as bases de argila que se associam em cadeias de acidos nucleicos que são já nessa fase formas simplificadas de ADN.  E, daí á vida   ainda rudimentar mas já vida, é um pequenissimo passo.


Tudo  isto  para  fazer  pensar que  respostas definitivas não as há no presente.

Que muito do que nos é  passado  por tradição, por  usos  e  costumes populares, terá  a ver com as respostas que procuramos.  
Será  que a  crença ou simbologia  com raiz religiosa que diz que  o homem foi criado  a partir da argila  e o que hoje  cientificamente se pode provar, a criação de vida, cadeias de ADN  a partir da argila, será uma coincidencia  ou  será uma verificação   cientifica do que veio  pela tradiçao, usos e crenças?