Os ciganos, senhor ! ... Os ciganos !
O senhor não se preocupe que o meu Pai não queria dizer aquilo.
Ele não desconfia de si. Já me disse que desconfia de um cigano que vai ali à pastelaria, de vez em quando. Ele desconfia do cigano. O meu pai desconfia do cigano.
Mas ó menina, o seu pai desconfia do cigano por alguma razão especial, tem alguma razão de peso, ou tem provas ?
Não, ele só desconfia... Olhe, não ia desconfiar de si ou do senhor Simões, do Paulo ou do Manuel Antonio, não acha? Então, só pode desconfiar do cigano.
Á...estou a ver... não tem razão especial mas, como nada sabe, desconfia do cigano.
É sim senhor. E não acha bem ?
Mas , de si, ele não desconfia. Então, só pode mesmo ter sido o cigano...não é ?
Olhe menina, eu não sei quem tenha ou não sido. Mas diga ao seu pai que se nada sabe mais, se não tem provas e me diz que desconfia do cigano, eu fico furioso com ele. Diga-lhe mesmo que para mim é pior desconfiar do cigano dessa forma do que desconfiar de mim. Diga-lhe que, sem melhores razões, sem razões de peso, ele desconfiar de mim, do cigano, do Simões, do Paulo ou do Manuel Antonio,..., é exactamente a mesma coisa. Diga-lhe, está bem?
Para ver se ele deixa de ser tolo e inconsciente. Entendeu ?
Ah não? Tal pai tal filha, são mesmo uns morcõezinhos... !
Já calculava.
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