segunda-feira, 11 de setembro de 2017


 Depois do que escrevi  sobre a minha visita matinal, no sábado,  ao mercado  de Viseu, tive que explicar  a quem  de  “vendedeiras”  mais não  conhecia que  as prateleiras e as arcas frigorificas dos supermercados,  porque  tinha escrito   vendedeiras e não vendedoras.

É  que  vendedora  ou compradora é qualquer  pessoa  que intervém  ou esteja disposta a ser  sujeito  numa  qualquer operação comercial.

Ou  compra,  ou vende.   
Será  vendedora  ou compradora,  assim  como  melhor  lhe  convier.
Nada mais  tem  que  entender,  conhecer,  saber.

Já,  vendedeira,  tem  muito mais  que se lhe diga.
É uma arte,  uma profissão  que,  como tantas outras,  requer  conhecimentos,  pratica,  saber e  muito  mais.
Conhecimento  do  que  mais  convenha ao cliente,  o  que mais  o satisfaça,  mais aperitivo primeiramente seja,  mais se ajuste  aos seus hábitos,  possibilidades,  desejos,  que é coisa já  muito mais  profunda  para ser falada entre  duas linhas.

Ser  vendedeira, como ser medica,  professora,  engenheira, operaria,  padre,  sapateiro,  estofador,   dentista,  requer saber, arte,   muita aptidão e  gosto   para e    pelo  oficio.  


Todos  eles terão  que  ter  as virtudes  necessárias  para o exercício  da  profissão,  do  seu oficio.

O  padre  tem  que  saber  dizer sermão  e  missa cantada.  
Pelo canto  da missa,  eleva  os espíritos   a  uma  altura  capaz  de  os fazer  acreditar  com  a  fé  mais  profunda,  aceitar   a contrição,  o arrependimento,  a  penitencia.

Quanto  maior  for  a  sabedoria  do  padre,  mais  eficaz  será  no  seu  mister.

Há-os   que são  capazes  de fazer  qualquer  um  arrepender-se, pedir  perdão  e penitenciar-se   até  pelo  mal  que  não  fizeram.   Por  terem rogado  pragas á vida  que   só  lhes trouxe  agruras,  doenças  e  razões para duvidarem  da bondade de quem  tal sorte  lhes preparou.  Por terem  batido  o pé  e protestarem  pela  falta  de soldo  para comprar o pão  para os filhos,  para se vestirem,  comerem  e  ter  prazeres  pelo menos como  tantos  outros  com  quem  se cruzam  no  dia  a dia.
Por  term  faldo  mal  de quem  lhes dá emprego,  almas boas e caridosas,  por  um susto  que  não  lhes garante  ter  onde cair morto.  E, isto  sim,  depois de um bom sermão, é  motivo  para aceitar  culpar-se  pela sorte  que  não  escolheram,  pela  vida que não  desejaram,  mas  que,  um bom sermão  os leva  a entender,  que  é tudo  para seu bem,  para  os  colocar á prova, a eles, aos seus e á sua fé  e perseverança,  com  a qual  alcançarão  a felicidade  suprema  e para todo  o sempre.

Começo  a achar  que,  como elas,  seria capaz  de ser vendedeira,  no Mercado de Viseu.
Vendedeiros,  nunca  ouvi  falar deles,  por  isso  me  coloquei  do lado delas,  não  me entendam mal,  se fazem  o favor.  Esta coisa recente  da  igualdade de género, ás vezes,  leva-nos  para lugares estranhos.

Mas tive êxito.  Expliquei  e  deixei  talvez  convencido  com  esta explicação,  quem  de vendedeiras apenas conhecia  as prateleiras e as arcas congeladoras dos  grandes supermercados.

Vou-me agora  que se está  a fazer tarde.  



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