Depois do que escrevi sobre a minha visita matinal, no sábado, ao mercado de Viseu, tive que explicar a quem de “vendedeiras” mais não conhecia que as prateleiras e as arcas frigorificas dos supermercados, porque tinha escrito vendedeiras e não vendedoras.
É que vendedora ou compradora é qualquer pessoa que intervém ou esteja disposta a ser sujeito numa qualquer operação comercial.
Ou compra, ou vende.
Será vendedora ou compradora, assim como melhor lhe convier.
Nada mais tem que entender, conhecer, saber.
Já, vendedeira, tem muito mais que se lhe diga.
É uma arte, uma profissão que, como tantas outras, requer conhecimentos, pratica, saber e muito mais.
Conhecimento do que mais convenha ao cliente, o que mais o satisfaça, mais aperitivo primeiramente seja, mais se ajuste aos seus hábitos, possibilidades, desejos, que é coisa já muito mais profunda para ser falada entre duas linhas.
Ser vendedeira, como ser medica, professora, engenheira, operaria, padre, sapateiro, estofador, dentista, requer saber, arte, muita aptidão e gosto para e pelo oficio.
Todos eles terão que ter as virtudes necessárias para o exercício da profissão, do seu oficio.
O padre tem que saber dizer sermão e missa cantada.
Pelo canto da missa, eleva os espíritos a uma altura capaz de os fazer acreditar com a fé mais profunda, aceitar a contrição, o arrependimento, a penitencia.
Quanto maior for a sabedoria do padre, mais eficaz será no seu mister.
Há-os que são capazes de fazer qualquer um arrepender-se, pedir perdão e penitenciar-se até pelo mal que não fizeram. Por terem rogado pragas á vida que só lhes trouxe agruras, doenças e razões para duvidarem da bondade de quem tal sorte lhes preparou. Por terem batido o pé e protestarem pela falta de soldo para comprar o pão para os filhos, para se vestirem, comerem e ter prazeres pelo menos como tantos outros com quem se cruzam no dia a dia.
Por term faldo mal de quem lhes dá emprego, almas boas e caridosas, por um susto que não lhes garante ter onde cair morto. E, isto sim, depois de um bom sermão, é motivo para aceitar culpar-se pela sorte que não escolheram, pela vida que não desejaram, mas que, um bom sermão os leva a entender, que é tudo para seu bem, para os colocar á prova, a eles, aos seus e á sua fé e perseverança, com a qual alcançarão a felicidade suprema e para todo o sempre.
Começo a achar que, como elas, seria capaz de ser vendedeira, no Mercado de Viseu.
Vendedeiros, nunca ouvi falar deles, por isso me coloquei do lado delas, não me entendam mal, se fazem o favor. Esta coisa recente da igualdade de género, ás vezes, leva-nos para lugares estranhos.
Mas tive êxito. Expliquei e deixei talvez convencido com esta explicação, quem de vendedeiras apenas conhecia as prateleiras e as arcas congeladoras dos grandes supermercados.
Vou-me agora que se está a fazer tarde.
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