sábado, 30 de setembro de 2017
Um carinho por dia - 3
Nos anos em que se via a televisão a preto e branco, anos igualmente de negridão, muito preto e, lá muito de vez em quando, uma fresta de uma janela que se abria e deixava passar uma réstia de branco, os imprevistos, técnicos ou simples ataques de tosse de um locutor, eram preenchidos por um cartaz como o que a foto ilustra.
Uma restia de branco, de luz, para os que nunca deixaram os olhos adaptar-se á negridão, foi, por exemplo,..., e não há muitos desses exemplos, o " ZIP, ZIP".
Assim, o meu carinho do dia de hoje, vai para a televisão dos anos da minha juventude.
Aquela que me deixou ver, em directo, tantas vezes, bons actores e bons cantores.
Sairam-me, de repente, dois exemplos.
Aqui ficam, também, Laura Alves e Antonio Variações.
Com carinho.
Carlos
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
Um carinho por dia - 2
Um carinho por dia - 2
LISBOA está, incomparavelmente ... MELHOR.
Hoje, por ser o ultimo dia de campanha para as eleições autárquicas, veio-me à memória ... não uma frase esquecida, antes um contraste inegável.
Nos meus tempos de jovem universitário, se passava pelo Chiado, podia entrar ou não na Brasileira, tomar uma bica ao mesmo tempo que lia um matutino ou um vespertino.
Com calma, sossego, como se a cidade fosse desconhecida do mundo, como se dizia, dos "camones".
Hoje, ontem, todos os dias nos últimos anos, desde o inicio do período de recuperação da nossa economia, de governação da chamada GERINGONÇA, este espaço e um pouco toda a cidade, parece um enxame de abelhas.
Boas.
Que connosco partilham um sorriso, um sol agradável que Lisboa e o país conseguem dar quase todo o ano, um pastel de nata ou uma refeição.
Boas.
Que connosco partilham um sorriso, um sol agradável que Lisboa e o país conseguem dar quase todo o ano, um pastel de nata ou uma refeição.
Lisboa está a fervilhar de vida.
Há ainda que fazer reverter mais os frutos desse fervilhar para o bem estar de quem vive e trabalha para que isso possa acontecer.
Há ainda que fazer reverter mais os frutos desse fervilhar para o bem estar de quem vive e trabalha para que isso possa acontecer.
Fica, pois, o carinho deste dia para a governação da cidade de Lisboa, o mesmo será dizer, para Fernando Medina e a sua equipa.
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
Talvez por muito ter estudado por esta gramática, esteja hoje a escrevinhar recordações nesta página.
Recordo o tempo em que se ia até ás imediações do aeroporto, á Portela, ver o movimento de partidas e chegas de aviões. De duas em duas horas, ou mais, mas havia sempre pessoas que esperavam pela alegria de uma chegada ou choravam uma lagrima pela partida.
No tempo em que se ia ver cinema ao Império, ali em frente da Fonte Luminosa, na Alameda, nas décadas de sessenta e setenta palco das grandes manifestações estudantis, e que, mais tarde, Mario Soares celebrizou por razões diversas mas também políticas.
Os filmes do Império, as bicas do Império, as imperiais do Café por baixo do cinema, as tertúlias, as mesas , as conversas.
A partir daquela gramática, avancei na fala e na escrita e cheguei a aprender outras línguas e outras gramáticas, que me enchem hoje de nostalgia ao recordar a letra e a melodia do disco dos Beatles.
Tempos em que andar de eléctrico ou de autocarro, tinha o seu peso na algibeira da altura mas que, hoje, faz esboçar um sorriso.
Sou dos tempos dos sinaleiros, dos "cabeça de giz", que tanto dava para os reguladores de transito como para Presidentes da Republica. O domínio da gramática e de traquejo politico, dava para entender, sempre, a quem nos referiamos.
Tempo em que para comprar "mercearia", que incluía o bacalhau por se dizer que não era carne nem peixe, não se ia ás grandes superfícies, tão só, á loja da esquina onde mal se entrava a porta, logo sabiam ao que íamos. Sabiam o que cada um comprava e o que lhe faltaria já para o dia.
Quando a Avenida da liberdade cheirava ao próprio nome, ampla, com um carro de vez em quando, os Restauradores lá ao fundo e o Marquês, Sebastião José de Carvalho e Melo, o seu mentor na construção, imponente e vigilante, lá ao cimo.
Pouco tempo mais tarde, com a avenida e a estrada da Liberdade a sobrepor-se ao País, novos espaços apareceram onde gente com um enorme poder criativo, arte e competência protagonizaram noites de representação memoráveis. Para quem estava no palco e para quem teve a enorme sorte de poder ter assistido.
E, o que se passou com o teatro, de igual modo se passou com o cinema. No então modernissimo Cinema Quarteto, com várias salas em simultâneo, era só escolher o filme á vontade do freguês, vi, pela primeira vez, coisas ousadíssimas como o "Ultimo Tango em Paris", "Estado de Sitio" e "Z" , estes dois de Costa Gravas, um grande realizador grego a viver em Paris, de quem me tornei amigo há uma dezena de anos...até hoje. Nunca, na altura em que vi os filmes no quarteto, pensei vir sequer a estar a um metro de Costa Gravas, quanto mais tornar-mo-nos conhecidos e amigos.
E recordo que, muitas vezes, para me orientar na enorme metrópole lisboeta, me socorria deste guia da cidade !
No tempo em que a publicidade era simples, inteligente, feita por gente comum para ... gente da sua igualha .
E, tão simples que era, ainda hoje a mensagem tem uma força enorme, não nos sai mais do ouvido ou da memória.
Tempos em que, de Viseu, se viajava para Lisboa de comboio. Com mudanças em Alfarelos e no Entroncamento, esperados por bagageiros em Santa Apolonia, a maior parte das vezes dispensados logo á vista para que se poupassem mais uns cobres.
E o luminoso, que era escuro como breu, Salão Lisboa , com filmes celebérrimos que nem sei enumerar, soletrar.
Para as esperas, era sempre possível engraxar os sapatitos ou molhar a garganta na Adega da Saúde .
Tempos em que Lisboa dava já ares da sua graça e, a trezentos quilómetros, a minha Avó, tinha ainda a sua Singer !
Sempre tive uma grande paixão pelos eléctricos e por alguns autocarros da Carris, o 22, o 27, o 38, o 49, ... !
Benfica, era muito mais do que o futebol, o Colombo ou o Fonte Nova !
Na Rua do Carmo, ao lado dos Armazens do Chiado, vim a ter por cerca de quinze anos, na esquina com o elevador de Santa Justa, um gabinete com vista para o ascensor e quem lá ia dentro.
Até que o celebre incendio nos Armazens do Chiado me faz passar um dia inteiro só , com os bombeiros e mais duas ou três pessoas, naquele edifício, o dia do incêndio, a beber leite que eles me iam oferecendo.
Tinha tido outro poiso, gabinete, próximo da Praça D. Estefania, na Casal Ribeiro, frente á então Estação/terminal da Rodoviaria, no Banco de Fomento Nacional.
Visto á distancia de perto de cinquenta anos, que tranquilo que tudo era...!
E era mesmo daqui, da Rodoviaria, na Casal Ribeiro, que saiam os autocarros, os expressos para viseu, para o resto do país, onde se iam esperar amigos, familiares, conhecidos e voltar a deixar para o regresso.
De cinemas, do monumental ao Condes e ao Império, estava Lisboa bem servida.
pena era que os filmes fossem censurados ou impedidos sequer de ser projectados. E o azar era que isso acontecia, por norma, COM OS BONS !
Até que ali por Alcantara, os tempos modernos começaram a despontar. Chegava o Pão de Açúcar, a agora chamada grande superfície, que tinha de tudo um pouco, superava as até aí modernas Lojas SPAR, que ainda hoje se podem ver em grande numero na alemanha e na Austria.
SE não comentar a programação de todos os cinemas, o que por lá passava, talvez que até me agradeçam. Mas historia é historia e o IDEAL existiu e com gáudio para muitos frequentadores.
A Avenida 24 de Julho, pelos meus vinte anos, era mesmo isto, ali próximo do Cais do Sodré.
Falar de novo deste cinema, do Monumental,
justifica-se pela programação : ZORBA, O GREGO. Um marco histórico, sem duvida.
E não devo falar no Monumental sem lembrar também o cinema Alvalade.
Podem até sentir ciúmes, nunca se sabe !
Chegado que fosse o outono e mesmo no inicio do inverno, ir ao cinema não significava sujar a sala toda com pipocas, fazer barulho durante o filme a triturar aquelas coisas.
Mas acontecia muitas vezes, em todo aquele ritual, comprar castanhas "quentinhas e boas" que se iam descascando, comendo e juntando as cascas no pacote de jornal para mais tarde lançar num qualquer caixote de lixo ali por perto, na rua.
E, nas tardes de sol de inverno, cantadas pela Simone de Oliveira numa das suas canções, a descida da marginal, Paço de Arcos, Oeiras, Parede, São Pedro ... até ao Guincho, era um programa que dava energia para toda a semana.
Como convinha, os sapatinhos bem engraxados, davam brilho a quem os usava e trabalho a quem passava a escova.
Tempos em que o Julio Isidro ensinava a arte do modelismo nas tardes da Radiotelevisão Portuguesa e o Conjunto Academico João Paulo animava as matinês dançantes.
Bons tempos, para recordar e não chorar por mais. Foi tão bom tudo isto que tivemos.
Um abraço do
Carlos
terça-feira, 26 de setembro de 2017
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