sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

A D. Hermengarda !


A D. Hermengarda !
Hoje, veio-me á memória uma outra Instituição viseense que pouco deverá dizer a muitos de vós, mesmo para mim já muito difusa, pelo menos quanto aos colegas que, como eu, por lá passaram.
Ao NUNO CARRILHO, estou seguro, que muito dirá. Façam-lhe chegar, se fazem o favor.
A D. Hermengarda era professora no Colégio de Santo Agostinho, competente como professora e competente como explicadora.
E, foi nessa qualidade que, todos os dias, no fim da tarde, frequentei as explicações da D. Hermengarda, com todo o respeito acrescento "A Espingarda", como nós a tratávamos entre dentes.
Morava ali no Largo do Massorim, mesmo ao lado da vivenda do Nuno Carrilho e dos irmãos.
Dava para, antes e nos intervalos do estudo, fazermos grandes futeboladas no largo do Massorim, servindo os bancos de pedra como balizas, sem guarda redes, contavam as que entravam por baixo de cada um dos dois bancos escolhidos como balizas.
Depois, ainda transpirados, lá vamos para dentro, responder verbalmente e apresentarão-nos "ao quadro", por vezes embaraçados pois as contas, a resolução dos problemas não batiam certo com o resultado esperado.
Mal nós sabíamos que essas situações viriam a ser, como mais tarde aprendi com o Manuel Freire, ... UMA CONSTANTE DA VIDA !
Já o disse, como colegas na Hermengarda, lembro o Nuno , o Xico Pimentel ... a Iasabelinha, uma moça muito bonita, para o meu gosto, loirinha e de cabelos a cair pelos ombros.
Havia outras e outros, a Isabel Maria, filha de uma amiga de minha Mãe, que trabalhava nos Correios, morava ali junto ao que é hoje o Mercado novo, prima da Ana Maria que morava junto ás bobas dos Aleixos, na Avenida da Estação, a Antonio José de Almeida, e que nos anos 70 e muitos vim a encontrar em Lisboa numa reunião inter Associações. Lembram-se das RIAS ? Eu era , com o Ferro Rodrigues e o Zé Antonio Vieira da silva, membro da Associação de Estudantes de Economicas.
Voltando á D. Hermengarda.
Havia também o outro Nuno, não recordo o apelido, morava num quarto alugado , e também a irmã, mais velha e mais apelativa, para nós, claro, numa casa mesmo ao canto direito da correnteza de casas dos Carrilhos e da D. Hermangarda. Eram de fora de Viseu, estavam em quartos alugados. Bom colega, também, esse Nuno.
A competencia e o rigor na educação eram coisas que a Senhora levava muito a sério.
Mas, certo dia, motivados pelos encantos da Isabelinha lourinha, houve quem tramasse uma coisa muito arriscada. Os rapazes dispunham-se num banco corrido junto ao quadro. Ao centro, havia a mesa, e do lado oposto dispunham-se as meninas. A D. Hermengarda ficava á cabeceira. As meninas estavam sempre de frente para a mesa, quando os trabalhos eram ali, e para o quadro , quando alguém ia á superfície de ardósia mostrar o que sabia.
Nessas ocasiões, os rapazes viravam-se de costas para a mesa, no banco corrido, para ficarem de frente para o quadro negro.
Vai daí, tal como estava planeado, um deles tinha um daqueles espelhos redondos que eram a outra face daqueles jogos de balançar uma bolinha que entraria ou não numa baliza, talvez se lembram, andavam muitas vezes nos bolsos dos rapazes.
E o jogo, redondo como era, tinha sido amarrado, com o espelho para cima, no sapato de um deles, não interessam para aqui nomes embora o "crime" tenha já prescrito.
Que era para colocar o pésito por baixo dos saiotes, ou vestido, da Isabelinha. E todos alimentavam a esperança de ver qualquer coisa, ao espelho.
Vai daí, uma das meninas deu pela marosca e, muito vermelha, denunciou a situação á d. Hermengarda.
Resultado... não conto agora, uma bronca e peras, talvez, pela primeira vez, se tenha usado a figura da pena suspensa, rapazes muito tempo envoltos na atenção redobrada do olhar de "pulseira electrónica" da D. Hermengarda, vergonha imensa e, tal como aquelas cabecinhas deveriam ter concluído antes, ninguém viu nem poderia ter visto, nada que fosse !
Creio que a Senhora D. Hermengarda terá falecido há já muitos anos. Sinto gratidão pelo seu profissionalismo, atenção e forma rigorosa de ensinar e fazer estudar. Fui até ao 5º ano, quase sempre aluno do Quadro de Honra, sem estudar uma linha em casa, só a partir do 5º, e devo o que sabia e aprendi a essa Instituição que era a D. Hermengarda. A Espingarda, com todo o carinho do mundo !
E, quem tiver passado pelas explicações da D. Hermengarda, ou conheça alguém que lá tenha andado, que faça o favor de se acusar ou dar o contacto. Par que se repartam carinhos e afectos.
Carlos

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