terça-feira, 23 de abril de 2019



( Muito obrigado à Professora Irene Pimentel pela deixa que hoje me trouxe)


Chega.
Moro,  o juiz brasileiro do golpe no Brasil, foi  convidado pela Faculdade de Direito de Lisboa para um fórum sobre "justiça".   E  também pela  RTP para uma entrevista  onde  aparece a dar  conselhos à Justiça portuguesa relativamente ao caso Sócrates e ao seu funcionamento. 

Aproveitando todas as deixas que a vida lhe dá, Fatima Campos Ferreira fez mais um "Prós e Contras"  onde pontificaram  muitos jovens falantes de cabeça oca  mas absolutamente de pensamento (arrepiantemente)  de direita e muito convencidos. Entre eles,  um  de apelido  Rolo Duarte ( de boa memória o apelido),  que se admira com o facto de Vasco Lourenço, capitão de Abril,  ter sido critico  do governo  de Passos Coelho  e elogiar a actual solução governativa  que,  vejam só,  tem o "apoio de comunistas"... !

Tudo isto deveria  preocupar-nos muito.  Muito  mesmo.

Mas parece que ficou tudo anestesiado. 
E, muito provavelmente, é a palavra correcta. Foi esse o efeito provocado pelas televisões, cmtvs, ... afinal, todas elas...e toda a imprensa e comentadores dos mais variados assuntos ou artes.  
Todos eles  ajudados pelas ambições sem medida de desejo de poder e de metal cintilantede, muita gente, alguns sem quaisquer aptidões para isso, mas que na ânsia de o conseguir,  se acomodarem em silêncios cúmplices e atitudes dúbias. 
Ainda no ultimo Governo Sombra, de sabado passado, Araujo Pereira dava um exemplo elucidativo deste comportamento nas suas reacções sobre o preâmbulo da Constituição da Republica  portuguesa, na discussão mantida com  um outro falho de inteligência.

É o resultado de uma educação que privilegia o "ter" , negligencia o saber, torna todos ansiosos pela posse de tudo o que é supérfluo mas dá imagem no imediato. Dá retorno garantido no curtíssimo prazo, faz de contas mas dá ribalta !

É bem  o resultado  do alheamento, da ausência de valores, de tempo para pensar no que é viver, no que importa ou não fazer e procurar saber.

É o resultado  de não saber já falar a própria língua  em detrimento de tudo o que tenha uma raiz  estrangeirada, que dá estatuto, faz acreditar que se sabe, se é culto, mesmo sem o ser.

Ainda ontem me interrogava se a Comissão Europeia teria mudado de presidente. É que acabara de ouvir nas noticias das sete horas num canal prestigiado de televisão, uma profissional da palavra dizer que "Ian Clóde Iunquer", presidente da Comissão Europeia,   tinha comentado  qualquer coisa ! E na viagem de regresso de uns dias de Pascoa, na radio, sucediam-se leituras de noticias em que se falava de FONcionários, FONcionamento e afins. Para cúmulo, ontem, dia 22 de abril, até de um ministro  ouvi na radio falar de FONcionários !
E, na TSF, a locutora falava  que seriam necessários a determina instituição, muitos mais "afectivos". Que alguém lhe dissesse que seriam efectivos e não afectivos, que esses seriam pessoas dadas aos abraços, aos carinhos, ao sentimento, seria urgente. Mas, sobretudo, que alguém com estatuto de liderança e chefia tivesses sensibilidade para a corrigir. O que também parece não haver e é mesmo  pena que assim seja.

É o resultado de tudo isto, o caminho se se vai fazendo.
Só há um enorme medo. Medo que, mais tarde, seja tarde demais.

Resta a consolação  de no presente ainda haver quem leia a critica, quem entenda o que se escreve. Com  erros ou sem erros, mais ou menos dificuldade mas que leia, que entenda. 
Medo é dos tempos em que, por este andar,  se escreva, se critique e se receba uma resposta de quem já não consegue sequer entender a mensagem.  Qualquer coisa como " ké isto, meu ? " !

É bem preciso  "avisar  toda a gente", já faz medo.  

Se assim  é,  por mim só posso dizer, avisem. Avisem muitos mais. Se assim é,  podem mesmo partilhar este desabafo.

Carlos Pereira Martins

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