Gosto, cada vez mais, do sossego da minha casa na Aguieira.
alguma nostalgia do tempo em que os meus Pais ainda lá moravam, dos campos sem rasgos de estradas ou avenidas, tudo quinta, tudo liberdade para correr, saltar, descobrir caminhos, cheirar os campos e as brisas que soltam as arvores, os ventos que se cruzam do monte salvado até ás vinhas, das mimosas até ás tílias.
Saudade. Muita .
Mas continua a ser muito bom, sossegado, de quando em vez um carro que passa, á noite, muitos carros que não chegam a passar, ali se quedam e adivinham-se sussurros de amor , juras de ternura, e talvez outros momentos de menos romantismo e mais acção, que me dispenso de querer adivinhar.
Passo o tempo que posso ao sol, na varanda, com um livro nas mãos mas olhando e perdendo os olhos nos campos, no pinhal em frente, o Monte Salvado, na cidade de Viseu ali espraiada, no verde , no azul do céu que é o mesmo de quando eu, miúdo, por ali andava aos pássaros ou a fazer tropelias.
A cidade de Viseu está ali quase ao alcance das mãos...!
O meu sitio preferido na varanda, de frente para a cidade e para o pinhal e as mimosas !
O que vai restando do jardim da minha Mãe
A quinta esventrada pela Avenida ...
Este terreno fica mesmo nas traseiras da minha casa da Aguieira e posso por aqui quedar-me numa sombra, atolar os pés quando vem uma chuvada, apanhar avelãs...
... ver como cresceram as couves, apanhar alguma, até...
... grelos, alfaces, de tudo um pouco...
... e sempre sem tirar os olhos da Avenida, da cidade de Viseu, do monte Salvado...
... das vinhas ou das cepas despidas, no inverno, das videiras que em breve irão desabrochar de novo...
... ao fundo deste terreno propicio a boas caminhadas pelas sombras, fica a casa...
... e os trevos, poucos mas um ou outro, de quatro folhas...
... os bugalhos ...
... gosto mesmo muito da vastidão dos espaços para andar, estar e cheirar...
... e as mimosas, o cheiro, as cores...
... restos dos jardins da minha Mãe... quem a dera ainda por aqui...
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