Lamentavelmente, a Europa continua a dar sinais repetidos de uma perigosa tendência de implosão, agora motivada por um Estado Membro, logo a seguir por um outro, a um ritmo que mais do que preocupante, é já dramático.
Os actuais lideres europeus esqueceram por completo ou fazem por ignorar o objectivo último da construção europeia, os fundamentos do projecto europeu e os Valores fundacionais da União Europeia.
Tudo isso se resume numa ideia repleta de uma beleza imensa, num objectivo central : trazer, consolidar e garantir para o futuro a PAZ num continente com uma história de guerras internas constantes, sempre entre as várias nações europeias e nunca directamente ameaçado por inimigos que lhe fossem externos.
Os actuais lideres europeus esqueceram por completo ou fazem por ignorar o objectivo último da construção europeia, os fundamentos do projecto europeu e os Valores fundacionais da União Europeia.
Tudo isso se resume numa ideia repleta de uma beleza imensa, num objectivo central : trazer, consolidar e garantir para o futuro a PAZ num continente com uma história de guerras internas constantes, sempre entre as várias nações europeias e nunca directamente ameaçado por inimigos que lhe fossem externos.
Da solução até agora encontrada – pois que se admite que possa ainda haver evoluções , negociações, aditamentos e alterações – resultam desde já novos procedimentos e novas poíiticas para a crise por parte dos dirigentes e Instituições Europeias que importa ter bem presente e seguir com grande empenho e preocupação.
O aspecto eventualmente positivo que possa ser descoberto bem nas profundezas da situação cipriota será o sinal que a UE, no seu melhor, entende não dever conviver com zonas e práticas de branqueamento de capitais dentro do seu seio, com os Estados “lavandaria”
Mas, atenção, assim sendo, haverá que fazer aplicar o princípio a toda a zona euro e não apenas a um pequeno Estado Membro que funcione apenas como cobaia e para inglês ver. A expressão tem aqui toda a propriedade .
Segundo aspecto positivo seria o fazer pagar eventuais situações de recuperação e sobrevivência de entidades financeiras, não aos contribuintes no seu todo, mas aos accionistas, obrigacionistas e investidores nessas entidades.
Mas, atenção, pois, ao contrário do que alguns líderes, governantes e muita imprensa portuguesa e europeia, parece que acertados por uma qualquer pauta dos grupos de tendências neoliberais , estão empenhados em escrever e fazer crer ao cidadão inadvertido, não foram, até agora, em Chipre, nem os acionistas, nem os obrigacionistas ou investidores que pagaram a conta da recapitalização dessas unidades bancárias. Foram os seus depositantes. E, foram , na verdade, apenas alguns dos depositantes com depósitos acima de cem mil euros. E, grave pois não há aí qualquer princípio de proporcionalidade no esforço, acima de cem mil euros, tanto pagou quem tinha cem mil como quem tinha cem milhões !
Muitíssimo negativa foi a percepção pelos cidadãos da União que, depois de qualquer noitada, em Bruxelas, feita pelos governantes europeus, a qualquer momento poderão acordar com a vida virada do avesso, com o seu património devassado, confiscado.
Andamos, de facto, uma vida inteira a ouvir falar contra o que de pior tinham os regimes comunistas. Não respeitarem a propriedade privada, sagrada segundo os bons princípios ocidentais e civilizados, não valorizarem o esforço individua na criação de riqueza e criação de poupanças como forma de prevenir situações futuras e de melhor garantir o bem das gerações vindouras.
Com as recentes decisões tomadas pela UE no caso cipriota, tudo isso foi negado, contradito.
É sabido que o sistema bancário só pode funcionar e ser credível se a confiança dos particulares e das empresas for consistente e efectiva.
Com a decisão de confisco de parte dos depósitos, a confiança no sistema bancário foi definitivamente abalada e teme-se com fundadas razões que essa prática seja a doutrina adoptada para casos futuros na UE.
E, note-se, que numa primeira decisão, seriam afectados todos os depósitos, desde o primeiro euro, não apenas os superiores a cem mil euros.
O risco que se correu foi de uma enormidade absolutamente inacreditável, a roçar os limites da inconsciência.
Bastaria que o receio tivesse alastrado a um numero significativo de cidadãos, em qualquer Estado Membro, da Irlanda a Portugal, Espanha, Itália, França ou mesmo na Alemanha, e tivessem corrido a um qualquer Banco, e é por demais sabido que não há Banco que resista, mesmo saudável que esteja, a uma corrida desenfreada dos seus depositantes.
Haveria injecções de liquidez do Banco Central europeu, e de outros Bancos, pois claro. Mas uma vez o fogo lançado, por certo se propagaria a muitos outros Bancos de muitos outros Estados Membros.
E, aí, seria não só o colapso do euro e da zona euro mas, também, o colapso da UE e , pior do que tudo, o colapso das nossas vidas.
Muito mau, ainda, se é que algo de bom, para além do esforço feito no inicio destas linhas para mencionar um sinal positivo, foi o facto de a UE se ter contradito na solução de taxar todos os depósitos e na anterior decisão tomada logo no inicio da crise de protecção dos depósitos bancários até cem mil euros.
Em Portugal, em particular, estaremos em vias de poder assistir a uma situação caricata, como tantas outras vezes acontece.
Por um lado, casos de polícia, de fraude comprovada e que atingiram montantes estonteantes (BPN), foram pagos pelos contribuintes, sem sequer haver razão para que tivessem sido salvas essa instituições.
Em breve, se algo vier a acontecer a qualquer outro Banco, mesmo sem contornos de fraude explicita, reflexo da crise global, serão, porventura os Depositantes a ter que pagar a factura e os acionistas esfregarão as mãos.
Mas, dir-se-á na melhor imprensa nacional que desta vez não foram os contribuintes a pagar e a tapar o buraco .
Desde o inicio da crise que há temores de, a exemplo do que se viu já em situações anteriores noutros países, designadamente na América latina e América do Sul, poder acontecer acordarmos um dia com as contas bancárias bloqueadas e com as poupanças perdidas. Mas, isto, por via do colapso de uma qualquer unidade bancária.
Os receios têm sido discretos por parte das pessoas mais conscientes e mais conhecedoras pois sabem que o pior de tudo será instalar o medo, o receio e a desconfiança num numero alargado de pessoas e motivar uma qualquer corrida aos Bancos.
Discretamente, a partir de 2009, cada vez mais em conversas particulares mais pessoas foram sondando os especialistas procurando saber de formas mais seguras ou mais eficazes de colocar os seus dinheiros em locais mais seguros.
Tão fundada foi a reacção que, logo muito cedo, alguns governos, e o português foi logo dos primeiros, legislou por forma a taxar á saída os fundos que rumassem a outras paragens.
Em boa verdade, quem pode e teve estômago para o fazer, colocou-se a salvo e , a seguir, veio o colete de forças para o cidadão vulgar.
Atenção pois isto mesmo aconteceu nos últimos dias em Chipre. A Banca esteve fechada, o comum dos cidadãos teve as contas retidas e confiscadas mas, quem tem poder, quem tem muitos milhões, levantou-os sem dificuldade das sucursais em Londres desses Bancos cipriotas que nunca fecharam nem colocaram entraves a transferências internacionais ou a montantes. E, mesmo em Chipre, com a Banca fechada , usando uma classificação de “para fins humanitários” que podia ser para pagamento de salários, ou outros fins, quem pode, movimentou e transferiu o que entendeu.
Preocupante, mesmo muito preocupante é o facto de assumidamente se digladiarem, presentemente e quase publicamente na UE, duas correntes de dirigentes e governos. Uma que pretende fazer doutrina com o confisco, em situações futuras, desde o primeiro euro de cada conta de depositantes, outra , mais “benévola” que pretende apenas levar o confisco e o roubo a partir de certo montante.
Entretanto, alheada de toda a realidade, posicionando-se a uma distancia conveniente como se nada disto fosse real ou lhes tocasse também, a imprensa lusa, a de faca e alguidar mas também a especializada, continua a relatar os acontecimentos da forma que melhor faturação lhes promete proporcionar.