É fundamental interpretar e descodificar
Do muito que foi dito e escrito nos últimos três dias, surpreendeu-me uma peça divulgada primeiramente pela
RTP1, inserida nm serviço noticioso de horário nobre e depois repetido , no dia a seguir.
Aparentemente aparecia deslocada, como costuma dizer-se, de pára-quedas, a despropósito.
A mensagem era que os portugueses beneficiam de subsídios durante toda a vida. começa com o de nascimento,
depois o abono de família ( que já não cobre a grande maioria das pessoas) , por aí fora até ao de funeral.
Na noite passada, também com surpresa, ouvi o Professor Cantiga informar que o que o Governo está a fazer
é acabar , aos poucos, com o que resta do Estado Social e com o dito modelo social consagrado na Constituição.
Que é aos poucos pois os politicos não terão ainda coragem para o revelar de forma nua e crua.
Aparentemente, dado o trabalho que o Professor Cantiga Esteves tem feito para o PSD, desde o inicio dos mais fortes
ataques a José Sócrates e ao anterior Governo, dava a ideia que se tinha distraído.
Mas não, seguramente que não.
Creio muito sinceramente que a peça da RTP não foi inocente, terá sido a pedido e bem coordenada, vá lá saber-se
por quem !
Assim, ficou inicialmente nos ouvidos que, por cá, há subsídios para tudo e mais alguma coisa, em grande demasia.
Não é verdade, basta andar por essa Europa fora.
Mas, outra coisa é não serem demasiados mas não haver forma de os pagar, sejamos sérios.
Esta noite, num programa de pseudo discussão em que sempre muito se fala e pouco se explica ou deixa explicar a
quem sabe, O Professor Cantiga diz claramente que se está a desmantelar o Estado Social, pela calada, e que deve
haver coragem para o fazer já e o dizer claramente, também desde já.
Ora, isto parece muito brutal e pouco avisado. Mas há que interpretar e descodificar.
De facto, a melhor maneira de o fazer é "começar a desmantelar", fazer cair os apoios sociais e que haja alguém que
o diga. Uma, duas e três vezes, oficiosamente, na tv, de preferência.
depois, vem a duvida se estará mesmo a ser feito isso ou não e, ligo a seguir, concluindo-se que sim, o choque maior
já passou. Institucionalizou-se, sorrateiramente e pela calada da noite e do dia.
Ah, apenas um pequeno esclarecimento : não é que não haja criação de riqueza, trabalho e produção para gerar meios para
os tais apoios sociais desde o nascimento ao funeral.
Haver há.
Aconteceu é que tiveram que ser dados para cobrir casos de policia chamados BPN e BPP, pelo menos esses.
Era um pormenor, mas importante, ... , á mon avis ... ! ______________________________________
O titulo é de Nicolau Santos e é extremamente feliz. A meu ver.
Não tenho qualquer dúvida que a esmagadora maioria do povo português deseja com todas as suas forças que a antecamâra seja a da recuperação.
Mas há ainda os que continuam distraídos. Os que continuam a brincar com a situação, a imprimir t-shirts de mau gosto alusivas á crise, a compor
cançonetas, igualmente de mau gosto, alusivas á situação. E os que ainda não entenderam nada, também os há.
Vamos esquecer aquele conjunto de jornalistas que continuam a tratar o tema como "la grande bouffe" , com um enorme distanciamento e como se
lhes tivesse saido a sorte grande para as suas carreiras profissionais e, naturalmente, para a carteira. Sangue, suor e lágrimas, a receita perfeita para
uma certa imprensa, demasiado independente do interesse publico e nacionais.
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