terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A importancia das Ordens Profissionais no actual contexto de crise economica e de Valores

Vi, recentemente,  uma  tomada  de posição  pública  da Ordem  dos Engenheiros,  sobre  ataques considerados  muito fortes,  com  falta  de  fundamento  e  despropositados  do Ministro  da Ciência
dirigidos às Ordens Profissionais. Ainda há pouco  tempo  tinha  tido  outro  relato  de  posição  semelhante  do  Ministro, dessa  vez,  no  Conselho Nacional  de Educação.
Francamente  que  me  interrogo, porquê  tudo  isto.
As Ordens Profissionais  são  instituições  de  interesse público,  com  um  valioso  papel  reconhecido desde  há  muito  pelos  poderes públicos,  pelos Governos,   pela  Sociedade  Civil,  pelas organizações  que  têm  lutado  e  mobilizado  os  cidadãos   para as  causas  da  democracia,  da liberdade,  da fraternidade,  dos  Valores Democráticos e  Repúblicanos  .     .
Para  o  cumprimento  do  seu  papel  de  entidades reguladoras  do  exercício  das  profissões, as  Ordens Profissionais  têm  poderes  públicos  delegados  pelo  Parlamento,  que também  aprova  os  respectivos Estatutos  de  Associações Públicas.
As  Ordens  têm  Códigos  Deontologicos, Códigos  de Ética e   Códigos  Disciplinares  que  fazem  observar  aos  seus  Membros  inscritos  e  admitidos.
Nos  tempos  de  crise  generalizada  que  vivemos,  estamos  certos  que ,  caso  este  tipo  de  Instituições  existisse  pelo  mundo  fora,  por  certo,  muita  coisa  deplorável  em  termos  de  conduta  dos  profissionais, que  se  passou  e  acabou  por  fazer  escola,  não  teria  ocorrido ou  teria  sido  mais rapidamente  evitada  .
A  observação  dos Códigos Deontologicos  e  Códigos  Disciplinares  das  diversas Ordens Profissionais, tal
como  existem em  Piortugal  e  em  muitos  dos Estados Membros  europeus,  teria  tornado  eficaz  a actividade  de  supervisão  e  de  regulação  e  evitado  os  desvios  de  comportamento  e  actividades  fraudulentas  que  toldaram  os  negócios  e os mercados  financeiros  e  se  espalharam  como  conduta  generalizada   a  muitos profissionais,  sobretudo  do  outro  lado  do  Atlântico,  onde era suposto que  a  supervisão  e  a  actividade  disciplinar  era  muito  mais  eficaz  do  que  realmente  se  constatou  ser  a  prática  seguida.
Não  está,  a  meu  ver,  em  causa  o Ministro,  pessoalmente. A  questão é,  objectivamente, de conduta e opção politica.
O que é  necessário  é,  perante  posições  tão  fortes,  tão  insistentes e  repetidas, tentar  perceber  o  porquê,  o  que  está  por  baixo,  o pano  de  fundo  de  tudo  isto.
E,  muito  francamente,  nãose  vê  outra  razão  que  não  sejam os interesses  de  grupos  muito  específicos  que  andam  à  volta  das  Universidades,  sobretudo  dos  Institutos  Politécnicos,  do  financiamento  de  todas  essas  instituições.
Interesses  que  passam,  naturalmente,  pela  opção  de  trabalhar  para  as  estatisticas  do ensino,  confundindo  conhecimentos  académicos  com  competência  para  exercer  uma  profissão específica.
Interersses  que  giram  à  volta  do  objectivo  de  manutenção  dos  niveis  de  facturação  das  Universidades  e  dos  Politecnicos,  mesmo  com  prejuizo  de   Valores  mais  nobres  de cidadania  ,   de bem  comum,  e de qualidade  de  vida  em  Sociedade.
A  onda  não  é  nova,  foi  o  projecto  de Lei - Quadro  , ainda  no Governo  de Antonio Guterres,  foi  a  Lei  Quadro  das  Associaçõs Públicas,  relativamente  recente,  são,  agora,  estas  investidas.
Na  conjuntura  actual,   seria  normal  e  muito  aconselhável,  no  interesse  de  todos  e  do  interesse  público,  que  as  ordens  fossem  mais  ouvidas   pelos  poderes  públicos,  pelas  organizações 
partidárias,  pelo  Governo  e  pelo Parlamento. Que todos eles   estivessem  mais  em  consonância com  as Ordens  e  os  objectivos que  prosseguem,  designadamente  os  de  enquadramento  dos seus  Profissionais
como verdadeiros  motores  do  esforço  de crescimento  do País  e  de  uma  sociedade  onde  os  Valores  de  cidadania, Solidários do  rigor  e  da ètica,  sejam  ,  de  facto, os  que  prevalesçam.
Carlos Pereira Martins
Presidente do Conselho Executivo do Conselho Nacional das Ordens Profissionais
  

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