sábado, 27 de julho de 2019
domingo, 21 de julho de 2019
É tempo para dizer "PAREM" !
Durante muitos anos, dir-se-á que desde sempre, as pessoas tiveram receio, vergonha, e procuraram evitar deixar transparecer sinais de falta de cultura e de ignorância.
Ser ignorante, não ter cultura, não saber escrever ou falar com correcção, não ter um nivel médio aceitável de cultura geral, sempre foi motivo de vergonha por ser sinal entendivel de estatuto social muito baixo, por ser motivo de falta de poder, de discriminação pela negativa.
Um aluno sentia vergonha se dava erros na escrita, se pronunciava mal uma palavra num exercício de leitura. Um professor, um jornalista e muito mais um locutor, sentiam vergonha se lhe apontavam erros graves na escrita ou na leitura.
Nas décadas mais recentes, esta grelha de valores tem vindo a alterar-se muito significativamente.
A sociedade em geral, os meios de comunicação e a “moda” actual, desenvolveram um processo que está em curso, é dinâmico e caracteriza-se pelo desmoronar, pela perda de importância de valores fundamentais para a vida em sociedade, para a partilha necessária, para a convivência e para o exercício da cidadania, muito mais para uma necessidade fundamental para a vida com dignidade e com maiores niveis de felicidade, a solidariedade.
Assentou-se no pressuposto que a falta de cultura, a falta de conhecimentos, o não ler uma vez na vida um unico livro e poder falar como se entenda, basta que a sonoridade seja parecida, o grafismo e a morfologia não interessam, não tem qualquer importancia.
Que mal faz se as pessoas se entendem? é preciso é simplificar, o menor custo possivel.
Começou a ser criado um enorme exército de ileterados, de pessoas que na prática não sabem ler, escrever e falar correctamente. Tecnicamente não são analfabetos. Andaram na escola ou tiveram mais estudos. Mas deixaram deteriorar o que aprenderam. Agora, é como se o fossem.
E há os que sabem ler, escrever, até falar mas a perda de referências e de valores fundamentais tornou-os, na prática, “analfabetos sociais”.
Quem sabe, quem pode, quem nada e quem detém os meios trata-os como analfabetos, como um exército de pessoas que não têm ambição pelo saber, pela qualidade, pelos valores. Trata-os como lixo, indiferenciado.
E basta parar e observar como as telvisões, as radios e os jornais lhes fornecem a informação e conhecimentos, como lhes formatam as mentes e os gostos.
Cientes de tudo isso, criam programas sem conteúdo, dão-lhes comédias, coisas que fazem apenas reagir os sentimentos primários, superficiais, o fazer rir ou chorar, as emoções singelas.
Atolam-nos nesses conteúdos. E não importa que quem os escreve o faça com erros, que quem com eles comunica o faça com erros também, com palavras mal pronunciadas e escritas. A qualidade, está mesmo fora de questão e dá-se-lhes até a ideia que com esta facilidade, sem pressão de escrever ou falar bem, todos são muito mais felizes. Por isso mesmo as capas de jornais aparecem cheias de erros primários, as legendas na televisão seguem o mesmo caminho. Já não há quem corrija pois já não é sequer preciso.
E bem pode dizer-se que, no entanto, tudo o que é oferta, produção, o Mercado, está atento e funciona em função deste exército de ignorantes e incultos. As televisões, os jornais e as radios degladiam-se na criação de conteúdos dirigidos a esta “espécie” de cidadãos. Conteúdos para gente que quase não sabe falar e escrever, gente sem valores e, muito mais grave, sem vontade para os ter, para ser diferente.
E, quando esses conteúdos que provocam as reacções emocionais de comédia ou choro já não chegam, atolam-se as pessoas com as imagens das mais horrendas tragédias e crimes. Sem qualquer rede de protecção, sem crivos de salvaguarda dos direitos de quem quer que seja. É preciso é fazer sentir, emocionar, ocupar e interessar.
É já uma arrepiante maioria de gente assim criada. Que apenas quer o que é superficial, elementar, frivolo, o horrendo, mas que distrai ou diverte. De forma a que esta maioria possa entender e digerir.
Tudo isto, o que agora ficou escrito, não é sequer novidade, toda a gente o sabe, certamente.
Mas por isso mesmo e porque está a fazer uma enorme escola, está a propagar-se e sem critica ou contraditorio visivel, é necessário partilhar a indignação e a perplexidade. O aviso que isto assim não pode continuar pois o caminho esbarra num muro, não tem continuação.
terça-feira, 16 de julho de 2019
A noite passada fui ao Teatro A Barraca onde " os alunos do 2º ano de Artes Performativas do Instituto de Desenvolvimento Social viveram n'A Barraca com a coordenação de Rita Lello " a empolgante experiência de levarem à cena uma divertida peça :
"Dê-me licensa qu'isto ainda vai demorar um bocadinho"!
Está muito na moda fazer uma coisa que se faz há milhares de anos nas missas onde lhe chamam um introito, e também noutras missas onde lhe chamam os preliminares, aqui será uma declaração de interesses. Coisa que se faz à cabeça !
É isto e cá fica: gosto muito de ver teatro e na minha juventude, ia muito à Barraca ver bom teatro. Coisas de jovens, inconscientes e de gosto ainda em formação ...!
Ficou-me o vício e, ... ainda vou !
Gosto de teatro mas das artes de Molière não percebo nada.
Acontece que quem nada percebe, um ilustre ignorante, sente, gosta e não gosta, sempre dentro do quadro da sua mais santa ignorância.
Está dito e feito.
Gostei do que vi. Divertido, com muito ritmo, com quadros e movimentações inovadores, próprio para gente nova, com sangue na guelra, sangue a ferver e linguas desempoeiradas. Linguas e cerebros, o que é muito bom de ver e sentir. E senti muito, sobretudo naquele pedaço em que uma delas, de farfalhudo bigode, o que tornava a coisa insuspeita, fez do meu colo o seu assento e houve em Santos ecos daquela boite nortenha de futebolisticas memórias, o Calor da Noite.
Nada impedirá, assim o creio, que do alto de tão singelo desconhecimento das teorias, tecnicas e praticas desta arte, tire já as minhas conclusões, ainda que preliminares.
Vai daí e deixo uma nota, ao geito de Mercelo de outrora ou Marques Mendes de agora, sobre a qualidade interpretativa, reforçada e muito pela qualidade da morfologia do corpo e do rosto, sobre esta jovem da foto que aqui insiro.
Pequena, com poses notáveis, jogo de cintura ou de ancas ou do que quer que seja, sobretudo as poses, notáveis.
E com uma expressão de rosto, um olhar que joga com os textos, notável !
Uma jovem com este talento faz falta em muitas peças, tenho a certeza.
E mais esta jovem actriz !
Alta que ainda não deve ter parado de crescer. Segurem-na para que a altura não fique acima do talento que é já enorme. Um pisar o palco, o movimento que se afirma seguro e dono do espaço, a presença, penso que isso diz tudo e me poupa em tempo.
Faz falta em muitas peças futuras, pois claro.
É "pra levar, também. Embrulhe, se faz favor".
E ainda mais uma. A dona de uma voz forte, grave e muito bonita e de uma presença e capacidade interpretativa e comunicacional ( não sei em em linguagem teatro-barraquense isto significa o que quero dizer) também de se lhe tirar o chapéu.
Por mim, não tenho duvidas, comprava já estas três !
Para peças futuras, claro.
Bom, depois, ... depois, as belezas naturais.
Dei conta destas duas que as fotos ilustram.
Esta jovem, uma beleza expressiva que pode ser o anjo, a imaculada de qualquer peça ou cena mas também pode ser, e de certo que o fará igualmente tão bem, a beleza má, preversa e vingativa.
A bela com os acostumados senãos.
E, a segunda, também dona de uma beleza invulgar, pouco convencional, pode igualmente ser a beleza triste de todas as desgraças.
Tamém a trazia já comigo, para muitas peças futuras. Vai fazer falta.
E, por fim, dois jovens que por lá pesquei do meio de tanta concorrência.
Maria do Céu Guerra e Helder Mateus da Costa, bons amigos que me convidaram para estar com eles. Obrigado, muito.
Estes, claro que também serão para trazer.
Mas para peças passadas, todas as de que eu gostei já, para as do presnte de que vou gostando e para as do futuro de que quero vir a gostar.
Como dizem no meu Belenenses, ... com a certeza de vencer !
Está feito.
... e o "encore", também há um "encore".
Encore e palmas que vão para a Enorme, que não é em tamanho mas sim em talento e camaradagem, Rita Lello, que me pareceu a Mãe de tudo aquilo, a mão para todas as faltas de equilibrio. com camradagem e amizade, eu vi.
sexta-feira, 12 de julho de 2019
Para quem está a maioria dos dias da semana fora do País, um maior distanciamento da pastosidade do dia a dia facilita menor comprometimento com o políticamnente correcto
e permite conclusões mais rápidas e mais efectivas em relação ás nossas muitas realidades.
Depois de quase uma semana na Polónia e uns outros dias em Bruxelas, cheguei ontém, vi,
na RTP 1 o telejornal e, a seguir, Fatima Campos Ferreira tentar atrapalhar o Carvalho da Silva.
Não conseguiu, nem de perto nem de longe.
E, a conclusão, apareceu-me rapidamente e muito obvia : "a imprensa que temos, é o pior partido politico português". Militantes disfarçados de jornalistas.
O mais derrotista, mais sensacionalista, que mais contribui para o desprestigio do País, para a desmoralização e falta de esperança dos cidadãos, e ... por aí fora.
A imprensa e os jornalistas, numa parte muito significativa, actuam fora de qualquer controlo em termos de verdade, ética, civismo e muitos outros valores essenciais.
Á menor critica, conscientes do que a liberdade de Imprensa vale para todos nós, servem-se da chantagem emocional e intelectual e, aqui d'el rei que nos querem censurar.
Criam factos, inventam situações, estendem passadeiras de poder, liquidam gente sã , prova-se o contrário e ninguem é molestado. todos sabemos que é assim.
A peça que abriu o telejornal, sobre os representantes das instituições que estão a pré avaliar a situação real da economia portuguesa, por certo terá dado grande prazer a quem a fez, mas não se faz.
Uma peça ao geito dos preambulos dos filmes do 007. Imagens aceleradas dos carros que conduzem os negociadores dos hoteis ao Ministério das Finanças, velocidade na passagem dos fotogramas com pastas, carros, edificios, ..., e um tom de voz, de fundo, digno dos filmes de
"palhaçada" como chamavamos aos policiais onde o bom da fita conseguia sempre os seus intentos.
Interessante não fosse triste e ridiculo brincar com coisas sérias. Inconcebivel e inexplicavel, brincar ou gozar com o futuro de todos nós.
Incompreensivel que alguém responsavel pela informação de uma estação que deveria ser responsável e de serviço publico, não filtre os impetos de dos menos experientes e sem responsabilidade.
Aquela reportagem ilariante, vista por um estrangeiro, deixá-lo-á, de certeza, na maior dúvida quanto á sanidade mental e colectiva de todos nós.
Passando á frente, na entrevista de Fatima Campos Ferreira a Carvalho da Silva, o tom de show com a desgraça colectiva, continuou como nos famosos Prós e Contras.
Não quero acusar ou ofender ninguém, é , tão somente, a forma como sinto o que vejo .
O tom de voz, absolutamente de feira, de falsete, de plástico, a procurar tirar partido da desgraça, os cometários implicitos nas perguntas e, sobretudo, noa á partes, de achincalhamento do país , de tudo e de todos, tocam o ridiculo, não fosse, uma vez mais, um assunto demasiado sério.
Carvalho da Silva esteve, naturalmente, a um nivel muito, muito superior.
Aliás, como já estivera Mario Soares. já o patrão da Jeronimo Martins, não se livrou do seu ar de absoluto convencimento e superioridade, colocando amiúde a entrevistadora como cobaia - se a fatima não trabalha mais ... , ... se você não faz assim ou não faz assado ... - o que lhe retirou qualquer força ao que pudesse ter dito.
Nos dias anteriores ao meu regresso, em Varsóvia, também me choquei com uma certa manifestação , de dia e de noite, frente ao Palacio do Presidente, com velas, imagens de santos e maquetes de aviões.
Logo, não é só cá que a mediocridade e o ridiculo aparecem .
Não se entende como certa imprensa, obrigatoriamente mais evoluida, não pega em temas como explicar em palavras simples, do dicionário da lingua portuguesa, o papel, por exemplo, das agencias de rating. Explicou-o, no pouco tempo que teve, Ferro Rodrigues no congresso do PS. alinhadinho, claro e simples. Explicou-o Marcelo Rebelo de Sousa no passado fim de semana , classificando a sua falta de honestidade mas concluindo que temos que conviver com elas ... conclusão que não se percebe vinda de uma pessoa inteligente.
Clara e brilhante a explicação de Diogo Freitas do Amaral quanto á acção desses agentes e, em particular, dos "hedge funds", na especulação financeira, manipulação "legal" dos mercados e dos produtos alimentares , situação que irá desencadear fome generalizada na Humanidade e a possibilade de uma Guerra Mundial.
Não se percebe o papel da entrevistadora que teve, mesmo ao findar a entrevista, a conclusão mais importate de toda ela e nem lhe "pegou" . Não terá percebido peva daquilo tudo ?
Mas soube , a despropósito, convidar os espectadores para uma nova entrevista na estação do "serviço publico "
Não há paciência para tanto pretenciosismo e tanto convencimento.
Valha-lhes a santa ignorãncia , irresponsabilidade e inconsciência.
Já não me lembro de quem dizia : Não há pachorra !
A Fatima Campos Ferreira, a crise politica trouxe um autêntico jackpot .
Não lhe bastava já os shows das segundas feiras onde falava , questionava e concluia em nome do pais ou dos portugueses, eis que lhe cai do céu a possibilidade de ter mais do mesmo ... todos os dias e com tudo o que fala de catedra ou decide neste país.
Não será o Sempre em Festa, muitas vezes até parece, mas é, pelo menos, o show continuo, bizarro, de lesa Pátria, leviano e sem se importar de brincar com o que é mais sério, a Vida e o Futuro das Pessoas, dos Jovens e dos Velhos !
2 - Educação - o grande negocio das universidades e do ensino
Há muito tempo que me convenci que, praticamente tudo, tem, por base, a educação.
O nivel e a qualidade da educação, a existência ou inexistência dela.
A economia, a saúde, em geral, a vida em sociedade, são decisivamente influênciados pela qualidade da educação.
O que tem acontecido é que esses níveis desceram assustadoramente e criou-se uma permissividade, uma escola, um clima, uma comodidade e um facilitismo de convivência com a falta de qualidade e de Valores éticos e cívicos.
Ainda há dias, num dos canais de informação continua, os 24 horas, ou na RTPI, não posso precisar, via uma reportagem sobre uma jovem portuguesa de sucesso, na América. Cientista nos Estados Unidos da America ou no Canada, a fazer investigação, muito competente na sua área no que faz. Enfim, um caso de sucesso pessoal e de prestigio para o País e para todos nós.
Falou com rigor e competência enquanto o assunto foi o da sua área de especialidade.
Quando o jornalista passou á conversa de café, fiquei abismado : " eu dizeria", sem mais nem menos, " dizer a ele" em vez de dizer-lhe, aí é que era o cabo dos trabalhos. Dar a volta á dificuldade passou a ser a norma. Dizer a ele, levar a ele e outras do género, é como se fala.
A minha professora da primária, se fosse viva, ficaria doente. Uma cientista e investigadora!
Pensei ainda em que medida poderia descontar o facto de ser luso descendente, filha de pais emigrados. Estou habituado ao português arrevesado das segundas e terceiras gerações.
E compreendo que assim seja.
Mas não, qual o quê, a jovem era do norte de Portugal e tinha ido para as Americas há menos de um ano !
E isto tem a ver, se formos um pouco mais fundo na análise, com o que de muito mau foi feito nas últimas décadas na educação e, em particular, no ensino superior.
O grande negocio das universidades e do ensino.
Abriu-se a oferta de cursos de forma agressiva, pouco exigente - há anos a passar no acesso a cursos superiores com negativíssima a português ou a matemática - apenas para fazer medrar o negocio financeiro dos grupos ligados ás universidades.
O falar mal e de qualquer maneira passou a ser bem tolerado, até pela razão de que quem deveria criticar e corrigir, também não saber.
O cumulo vi-o no passado verão com uma campanha publicitária de uma bebida á base de chá que propunha a oficialização de uma nova palavra, " mudati", significando uma atitude de mudança de outras marcas para aquela. E a coisa esteve pertinho de pegar.
Outro exemplo é o dizer que se fez ou fará qualquer coisa a sério, ou a valer. Desta vez vai ser a sério deixou de ser. Agora, mesmo para gente conhecedora , locutores e jornalistas da escrita incluídos, passou a ser " á séria". à séria , quererão dizer, rebuscadamente, á maneira séria?
Pois que seja, mas, cá para mim, é muito mais desleixo e falta de saber.
3 - O Ensino e o Desemprego
Percebo perfeitamente a frustação e a revolta que crescem nos corações de tantos jovens e das suas Familias.
Há poucas décadas, ter um curso superior não significava, só por si, ser uma pessoa rica ou milionária, mas era sinónimo de uma vida com alguma qualidade, tranquila, acima da média.
Agora, os jovens acabam os cursos a cujo acesso foram quase empurrados, quem não é doutor não é nada, saem das universidades e, como um país não pode funcionar só com profissionais de elevada qualificação científica, são precisos e muito, os técnicos, os bons mecânicos, bons serralheiros, marceneiros, carteiros, condutores e diversos outros muito dignos profissionais, os licenciados acabam frustrados revoltados, á frente de um computador, de um telefone num "call center" ou de uma caixa registadora em qualquer grande superfície.
Mas é impossível dar saída a toda a gente a quem os irresponsáveis pelas políticas de educação e os empreendedores do ensino universitário empurraram para cursos sem adequação ás necessidades do mercado de trabalho e do País.
Isto é brincar com a Vida das Pessoas. que importa, que vale falar de Valores de cidadania, de Solidariedade, Direitos Humanos, e outras coisas do género se o crime na legalidade continua a ser permitido e estimulado?
E, como forma de fazer prosperar o negócio e não deixar morrer a galinha dos ovos de ouro, enquanto a venda de cursos ainda está a dar, mas antes que ela acabe e tenhamos um País com toda a gente com cursos universitários, vai de criar outra necessidade: ter um canudo já pouco vale. Até porque os cursos já não são o que eram, fizeram-se com menos anos, menos matérias, menos rigor, menos saber. Quem quiser ter mesmo um curso a sério tem que fazer um Mestrado. Por enquanto. Daqui a uns anos viveremos num país só com Doutorados. Frustrados e revoltados, com toda a razão.
E a culpa, também não é deles?
Sinceramente que não tenho resposta fácil. São condicionados, buscam a felicidade, o acesso à qualidade de vida, á sua dignidade. È legitimo que o façam.
Ser culto é bom, ter conhecimentos e mais saber é óptimo. Mas isso tem que ser conjugado com as necessidades de vida em Sociedade.
4 - O Céu é o limite
As duas últimas gerações passaram a viver absolutamente convencidas que o futuro quer dizer, sempre, mais e mais progresso, melhores condições, mais inovação, mais qualidade de vida , menos dificuldades.
E, na verdade e felizmente, tem sido assim, nas ultimas décadas.
Mas, trabalhando e tendo esperança na busca do progresso, cometeram-se erros enormes.
É agora fácil reconhecer que não se deve, nem pode, deixar de prevenir as jovens gerações para os constrangimentos dos dias difíceis e, sobretudo, deixar de lhes ensinar como lutar contra as adversidades e saber vencer as dificuldades que podem surgir de um momento para o outro.
Temos uma juventude privilegiada que conviveu com os seus antecessores experientes na forma de lidar com a adversidade, com a falta de muita coisa básica, afinal, o dia a dia do seu tempo.
Mas como se habituou em demasia á ideia de que tudo só pode ser melhor e mais moderno á medida que o tempo passa, tornou-se se cega e não soube aproveitar da experiência dos mais velhos.
Infelizmente, os tempos actuais mostram-nos que o impensável pode ocorrer de um momento para o outro. Sejam acidentes naturais provocados pelo clima, guerras ou mesmo o terrorismo. Ninguém pensaria que o Japão pudesse, tão rapidamente, correr o risco de ser um território fantasma, contaminado por radiações.
Há duas gerações atrás, quase toda a gente dispunha de formas muito simples de garantir a sua subsistência básica, em caso de força maior. Fosse pelo acesso fácil e natural aos recursos do campo, a leira de terra ali á mão de semear, o leite, o gado , a batata ou a galinha e o coelho que, ou se tinham ou alguém estava disposto a repartir em caso de necessidade.
Tudo mudou, o acesso á terra deixou de ter essa facilidade mesmo para quem mora fora dos grandes centros urbanos, no norte ou no interior. Muitas culturas foram arrancadas em nome do progresso.
Qualquer imposição de fecho de fronteiras ou interregno no transporte de mercadorias e bens alimentares, causará o pânico e carências muito sérias.
E, na ausência dos tais meios simples de lutar contra esses constrangimentos, resta ás pessoas a convulsão social, o desespero.
Não há pior risco do que os riscos ignorados. Para os outros , os calculados, há sempre soluções previstas. Levadas por uma inconsciência sem limites, ébrios de progresso e bem estar, as novas gerações ignoraram e desprezaram riscos muito sérios que podem ser fatais.
e permite conclusões mais rápidas e mais efectivas em relação ás nossas muitas realidades.
Depois de quase uma semana na Polónia e uns outros dias em Bruxelas, cheguei ontém, vi,
na RTP 1 o telejornal e, a seguir, Fatima Campos Ferreira tentar atrapalhar o Carvalho da Silva.
Não conseguiu, nem de perto nem de longe.
E, a conclusão, apareceu-me rapidamente e muito obvia : "a imprensa que temos, é o pior partido politico português". Militantes disfarçados de jornalistas.
O mais derrotista, mais sensacionalista, que mais contribui para o desprestigio do País, para a desmoralização e falta de esperança dos cidadãos, e ... por aí fora.
A imprensa e os jornalistas, numa parte muito significativa, actuam fora de qualquer controlo em termos de verdade, ética, civismo e muitos outros valores essenciais.
Á menor critica, conscientes do que a liberdade de Imprensa vale para todos nós, servem-se da chantagem emocional e intelectual e, aqui d'el rei que nos querem censurar.
Criam factos, inventam situações, estendem passadeiras de poder, liquidam gente sã , prova-se o contrário e ninguem é molestado. todos sabemos que é assim.
A peça que abriu o telejornal, sobre os representantes das instituições que estão a pré avaliar a situação real da economia portuguesa, por certo terá dado grande prazer a quem a fez, mas não se faz.
Uma peça ao geito dos preambulos dos filmes do 007. Imagens aceleradas dos carros que conduzem os negociadores dos hoteis ao Ministério das Finanças, velocidade na passagem dos fotogramas com pastas, carros, edificios, ..., e um tom de voz, de fundo, digno dos filmes de
"palhaçada" como chamavamos aos policiais onde o bom da fita conseguia sempre os seus intentos.
Interessante não fosse triste e ridiculo brincar com coisas sérias. Inconcebivel e inexplicavel, brincar ou gozar com o futuro de todos nós.
Incompreensivel que alguém responsavel pela informação de uma estação que deveria ser responsável e de serviço publico, não filtre os impetos de dos menos experientes e sem responsabilidade.
Aquela reportagem ilariante, vista por um estrangeiro, deixá-lo-á, de certeza, na maior dúvida quanto á sanidade mental e colectiva de todos nós.
Passando á frente, na entrevista de Fatima Campos Ferreira a Carvalho da Silva, o tom de show com a desgraça colectiva, continuou como nos famosos Prós e Contras.
Não quero acusar ou ofender ninguém, é , tão somente, a forma como sinto o que vejo .
O tom de voz, absolutamente de feira, de falsete, de plástico, a procurar tirar partido da desgraça, os cometários implicitos nas perguntas e, sobretudo, noa á partes, de achincalhamento do país , de tudo e de todos, tocam o ridiculo, não fosse, uma vez mais, um assunto demasiado sério.
Carvalho da Silva esteve, naturalmente, a um nivel muito, muito superior.
Aliás, como já estivera Mario Soares. já o patrão da Jeronimo Martins, não se livrou do seu ar de absoluto convencimento e superioridade, colocando amiúde a entrevistadora como cobaia - se a fatima não trabalha mais ... , ... se você não faz assim ou não faz assado ... - o que lhe retirou qualquer força ao que pudesse ter dito.
Nos dias anteriores ao meu regresso, em Varsóvia, também me choquei com uma certa manifestação , de dia e de noite, frente ao Palacio do Presidente, com velas, imagens de santos e maquetes de aviões.
Logo, não é só cá que a mediocridade e o ridiculo aparecem .
Não se entende como certa imprensa, obrigatoriamente mais evoluida, não pega em temas como explicar em palavras simples, do dicionário da lingua portuguesa, o papel, por exemplo, das agencias de rating. Explicou-o, no pouco tempo que teve, Ferro Rodrigues no congresso do PS. alinhadinho, claro e simples. Explicou-o Marcelo Rebelo de Sousa no passado fim de semana , classificando a sua falta de honestidade mas concluindo que temos que conviver com elas ... conclusão que não se percebe vinda de uma pessoa inteligente.
Clara e brilhante a explicação de Diogo Freitas do Amaral quanto á acção desses agentes e, em particular, dos "hedge funds", na especulação financeira, manipulação "legal" dos mercados e dos produtos alimentares , situação que irá desencadear fome generalizada na Humanidade e a possibilade de uma Guerra Mundial.
Não se percebe o papel da entrevistadora que teve, mesmo ao findar a entrevista, a conclusão mais importate de toda ela e nem lhe "pegou" . Não terá percebido peva daquilo tudo ?
Mas soube , a despropósito, convidar os espectadores para uma nova entrevista na estação do "serviço publico "
Não há paciência para tanto pretenciosismo e tanto convencimento.
Valha-lhes a santa ignorãncia , irresponsabilidade e inconsciência.
Já não me lembro de quem dizia : Não há pachorra !
A Fatima Campos Ferreira, a crise politica trouxe um autêntico jackpot .
Não lhe bastava já os shows das segundas feiras onde falava , questionava e concluia em nome do pais ou dos portugueses, eis que lhe cai do céu a possibilidade de ter mais do mesmo ... todos os dias e com tudo o que fala de catedra ou decide neste país.
Não será o Sempre em Festa, muitas vezes até parece, mas é, pelo menos, o show continuo, bizarro, de lesa Pátria, leviano e sem se importar de brincar com o que é mais sério, a Vida e o Futuro das Pessoas, dos Jovens e dos Velhos !
2 - Educação - o grande negocio das universidades e do ensino
Há muito tempo que me convenci que, praticamente tudo, tem, por base, a educação.
O nivel e a qualidade da educação, a existência ou inexistência dela.
A economia, a saúde, em geral, a vida em sociedade, são decisivamente influênciados pela qualidade da educação.
O que tem acontecido é que esses níveis desceram assustadoramente e criou-se uma permissividade, uma escola, um clima, uma comodidade e um facilitismo de convivência com a falta de qualidade e de Valores éticos e cívicos.
Ainda há dias, num dos canais de informação continua, os 24 horas, ou na RTPI, não posso precisar, via uma reportagem sobre uma jovem portuguesa de sucesso, na América. Cientista nos Estados Unidos da America ou no Canada, a fazer investigação, muito competente na sua área no que faz. Enfim, um caso de sucesso pessoal e de prestigio para o País e para todos nós.
Falou com rigor e competência enquanto o assunto foi o da sua área de especialidade.
Quando o jornalista passou á conversa de café, fiquei abismado : " eu dizeria", sem mais nem menos, " dizer a ele" em vez de dizer-lhe, aí é que era o cabo dos trabalhos. Dar a volta á dificuldade passou a ser a norma. Dizer a ele, levar a ele e outras do género, é como se fala.
A minha professora da primária, se fosse viva, ficaria doente. Uma cientista e investigadora!
Pensei ainda em que medida poderia descontar o facto de ser luso descendente, filha de pais emigrados. Estou habituado ao português arrevesado das segundas e terceiras gerações.
E compreendo que assim seja.
Mas não, qual o quê, a jovem era do norte de Portugal e tinha ido para as Americas há menos de um ano !
E isto tem a ver, se formos um pouco mais fundo na análise, com o que de muito mau foi feito nas últimas décadas na educação e, em particular, no ensino superior.
O grande negocio das universidades e do ensino.
Abriu-se a oferta de cursos de forma agressiva, pouco exigente - há anos a passar no acesso a cursos superiores com negativíssima a português ou a matemática - apenas para fazer medrar o negocio financeiro dos grupos ligados ás universidades.
O falar mal e de qualquer maneira passou a ser bem tolerado, até pela razão de que quem deveria criticar e corrigir, também não saber.
O cumulo vi-o no passado verão com uma campanha publicitária de uma bebida á base de chá que propunha a oficialização de uma nova palavra, " mudati", significando uma atitude de mudança de outras marcas para aquela. E a coisa esteve pertinho de pegar.
Outro exemplo é o dizer que se fez ou fará qualquer coisa a sério, ou a valer. Desta vez vai ser a sério deixou de ser. Agora, mesmo para gente conhecedora , locutores e jornalistas da escrita incluídos, passou a ser " á séria". à séria , quererão dizer, rebuscadamente, á maneira séria?
Pois que seja, mas, cá para mim, é muito mais desleixo e falta de saber.
3 - O Ensino e o Desemprego
Percebo perfeitamente a frustação e a revolta que crescem nos corações de tantos jovens e das suas Familias.
Há poucas décadas, ter um curso superior não significava, só por si, ser uma pessoa rica ou milionária, mas era sinónimo de uma vida com alguma qualidade, tranquila, acima da média.
Agora, os jovens acabam os cursos a cujo acesso foram quase empurrados, quem não é doutor não é nada, saem das universidades e, como um país não pode funcionar só com profissionais de elevada qualificação científica, são precisos e muito, os técnicos, os bons mecânicos, bons serralheiros, marceneiros, carteiros, condutores e diversos outros muito dignos profissionais, os licenciados acabam frustrados revoltados, á frente de um computador, de um telefone num "call center" ou de uma caixa registadora em qualquer grande superfície.
Mas é impossível dar saída a toda a gente a quem os irresponsáveis pelas políticas de educação e os empreendedores do ensino universitário empurraram para cursos sem adequação ás necessidades do mercado de trabalho e do País.
Isto é brincar com a Vida das Pessoas. que importa, que vale falar de Valores de cidadania, de Solidariedade, Direitos Humanos, e outras coisas do género se o crime na legalidade continua a ser permitido e estimulado?
E, como forma de fazer prosperar o negócio e não deixar morrer a galinha dos ovos de ouro, enquanto a venda de cursos ainda está a dar, mas antes que ela acabe e tenhamos um País com toda a gente com cursos universitários, vai de criar outra necessidade: ter um canudo já pouco vale. Até porque os cursos já não são o que eram, fizeram-se com menos anos, menos matérias, menos rigor, menos saber. Quem quiser ter mesmo um curso a sério tem que fazer um Mestrado. Por enquanto. Daqui a uns anos viveremos num país só com Doutorados. Frustrados e revoltados, com toda a razão.
E a culpa, também não é deles?
Sinceramente que não tenho resposta fácil. São condicionados, buscam a felicidade, o acesso à qualidade de vida, á sua dignidade. È legitimo que o façam.
Ser culto é bom, ter conhecimentos e mais saber é óptimo. Mas isso tem que ser conjugado com as necessidades de vida em Sociedade.
4 - O Céu é o limite
As duas últimas gerações passaram a viver absolutamente convencidas que o futuro quer dizer, sempre, mais e mais progresso, melhores condições, mais inovação, mais qualidade de vida , menos dificuldades.
E, na verdade e felizmente, tem sido assim, nas ultimas décadas.
Mas, trabalhando e tendo esperança na busca do progresso, cometeram-se erros enormes.
É agora fácil reconhecer que não se deve, nem pode, deixar de prevenir as jovens gerações para os constrangimentos dos dias difíceis e, sobretudo, deixar de lhes ensinar como lutar contra as adversidades e saber vencer as dificuldades que podem surgir de um momento para o outro.
Temos uma juventude privilegiada que conviveu com os seus antecessores experientes na forma de lidar com a adversidade, com a falta de muita coisa básica, afinal, o dia a dia do seu tempo.
Mas como se habituou em demasia á ideia de que tudo só pode ser melhor e mais moderno á medida que o tempo passa, tornou-se se cega e não soube aproveitar da experiência dos mais velhos.
Infelizmente, os tempos actuais mostram-nos que o impensável pode ocorrer de um momento para o outro. Sejam acidentes naturais provocados pelo clima, guerras ou mesmo o terrorismo. Ninguém pensaria que o Japão pudesse, tão rapidamente, correr o risco de ser um território fantasma, contaminado por radiações.
Há duas gerações atrás, quase toda a gente dispunha de formas muito simples de garantir a sua subsistência básica, em caso de força maior. Fosse pelo acesso fácil e natural aos recursos do campo, a leira de terra ali á mão de semear, o leite, o gado , a batata ou a galinha e o coelho que, ou se tinham ou alguém estava disposto a repartir em caso de necessidade.
Tudo mudou, o acesso á terra deixou de ter essa facilidade mesmo para quem mora fora dos grandes centros urbanos, no norte ou no interior. Muitas culturas foram arrancadas em nome do progresso.
Qualquer imposição de fecho de fronteiras ou interregno no transporte de mercadorias e bens alimentares, causará o pânico e carências muito sérias.
E, na ausência dos tais meios simples de lutar contra esses constrangimentos, resta ás pessoas a convulsão social, o desespero.
Não há pior risco do que os riscos ignorados. Para os outros , os calculados, há sempre soluções previstas. Levadas por uma inconsciência sem limites, ébrios de progresso e bem estar, as novas gerações ignoraram e desprezaram riscos muito sérios que podem ser fatais.
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