O almoço na Associação 25 de Abril, organizado e animado por antonio colaço, como habitualmente, realizou-se ontem, dia 15 de Março e com a participação de Sofia Branco, Presidente do Sindicato dos Jornalistas, e do decano e amigo Adelino Gomes.
Muita coisa e muito importante, se disse na hora quer das exposições dos dois convidados, quer no momento do dialogo entre os presentes e os dois jornalistas.
Para não correr o risco de colocar na boca de cada um coisas que eu tenha entendido mal, apenas refiro, sem dono, algumas passagens que entendi de maior importância.
Uma delas terá sido a bizarria de se ter tornado possível e legal que jornalistas se constituam assistentes em processos de justiça e, daí, fica a um passo, possam utilizar para o exercício da sua profissão informações que vão obtendo directamente do acompanhamento, como assistentes, dos processos. É a negação em absoluto da profissão de jornalista, outrora entendida como missão e um serviço em prol do interesse publico de informar e ser informado. Tanto se fala das violações do segredo de justiça, e aí está uma porta escancarada para quem, talvez com menos pudor, o possa fazer.
Também o assento de Chefes de Redacção e Directores de Informação, em simultâneo, nos conselhos de Administração, na gestão corrente, na execução orçamental das empresas, retira o espírito de independência a esses profissionais já que, mais não seja, vão para as Redacções com a cabeça condicionada pelos números do controlo de custos . Tudo é muito importante mas a promiscuidade é ... promiscua !
No dia 25 de Abril de 1974, Adelino Gomes chegou cedo ao Terreiro do Paço para fazer a sua peça sobre o que estava a acontecer. Indagou quem estaria a comandar a tropa naquele lugar decisivo e deu com o seu antigo Colega e Camarada de Liceu, vindo de Santarém, Salgueiro Maia. Dirigiu-se-lhe como alguém se dirige a um antigo colega de liceu e perguntou-lhe de que lado ele estava. Há tempos que não se viam e correu até o risco de ter ouvido, como resposta, que estava do lado de Kaulza de Arriaga. Nunca se sabe. Teria, como jornalista, feito a reportagem da mesma forma. Não tão feliz, imagino. Salgueiro Maia falou-lhe dos problemas que Adelino Gomes tinha tido num orgão de comunicação para quem trabalhava. A censura a peças suas, problemas maiores.
E Salgueiro Maia acabou por lhe responder que estava ali para que isso não se viesse jamais a repetir e para que TODAS AS PESSOAS NESTE PAÍS PUDESSEM PENSAR E DIZER O QUE CADA UM PENSAVA, EM LIBERDADE.
Não disse para que pudessem pensar como ele, Salgueiro Maia ou os que o acompanhavam. Falou de efectiva Liberdade de expressão e de imprensa.
Muito resumidamente, situo muito do que de tão importante foi dito neste almoço nestas singelas passagens. Quem esteve presente, terá tido a alegria e o benefício intelectual e de espírito ao ouvir as excelentes intervenções dos dois convidados, de Vasco Lourenço e de Santa Clara Gomes, entre vários outros. Vale a pena ir á CASA da LIBERDADE, dos MILITARES de ABRIL, para preencher um pouco ... o que faz falta ! Obrigado, pela minha parte, Bem-Hajam !
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