( O Parlamento grego e a Praça de Syntagma, palco das maiores manifestações)
Tive a oportunidade, em Atenas, de passar em revista, quer com Membros do Governo grego, o Vice Primeiro Ministro, a Ministra do Turismo e o Ministro dos Assuntos Europeus, quer com a Representação em Atenas da Comissão Europeia e do Parlamento, o programa de assistência técnica á Grécia, pela task force da chamada Troika.
O programa incidiu, essencialmente:
- a aceleração das políticas de coesão;
- Sector financeiro, "acess to finance";
- Remunerações na Administração e Serviços
Públicos;
- medidas anti corrupção e branqueamento de capitais;
- actividade económica, dinamização da
economia;
- Saúde Pública;
- Reforma do sistema judicial;
- Mercado laboral e Segurança Social;
- Emigração e fronteiras;
- Privatisações e registo de propriedades urbanas;
- Energia, Transportes e Ambiente.
Foi desenvolvido e posto em execução com a colaboração de peritos holandeses, um sistema avançado de detecção de operações de branqueamento de capitais e fuga ao fisco, bem como um sistema de monitorização permanente anti corrupção, nomeadamente na afectação e aplicação dos Fundos Estruturais. A Grécia está, presentemente, nos seis Estados Europeus que melhor aproveitamento fizeram dos Fundos Estruturais, no período de Outubro de 2010 a Dezembro de 2013.
A Grécia dispõe de um Serviço Nacional de Saúde tendo sido recentemente adoptada uma reforma estratégica do serviço e aprovada, em 6 de Fevereiro passado, uma lei que regula o Fundo Nacional de Doença, (EOPYY). A próxima prioridade será o desenvolvimento dos cuidados primários de saúde e torna-los universais para toda a população.
Em termos de mercado laboral, foi adoptado um programa de emprego jovem, o Youth Guarantee Implementation Plan a funcionar ainda em projecto piloto.
Outra das prioridades tem sido tornar a Grécia mais atractiva para os investidores, desenvolvendo a competitividade, reduzindo os custos administrativos , facilitando as decisões de investimento, que teve a colaboração da OCDE e do Banco mundial com mais de 300 recomendações. Foi muito reforçado o papel e os poderes da Autoridade Helénica de Concorrência.
Estão a ser removidos os impedimentos tradicionais á utilização de terras e solos abandonados ou não aproveitados.
(Vice Primeiro Ministro grego)
Para isso, está em curso uma profunda revisão e actualização do sistema de registo de propriedades.
Também a política alfandegária e os consequentes pagamentos de impostos sobre as mercadorias, bens, importados, está a tornar-se modernizada e efectiva estando, em consequência, a legislação a ser alterada e simplificada.
Está a ser posta em prática uma política de transparência nas aquisições públicas, a digitalisação e simplificação dos procedimentos administrativos.
Muitas mais medidas poderiam ser enunciadas, nomeadamente na reforma da administração pública. mas não é demais referir o excepcional aproveitamento feito pela Grécia na absorção dos Fundos Estruturais, em especial de 2007 a 2013.
Aliás, em Fevereiro de 2014, em todo este período corrido desde 2007, a Grécia tinha uma taxa de absorção de 77,11%, sendo a média europeia de 64,08 %, o que coloca a Grécia no 4º lugar europeu, neste domínio.
Mais admirado, comparando com o que são as medidas de austeridade quase diariamente anunciadas em Portugal, por exemplo, e as que não são ainda do domínio público mas, por certo, aí virão, se fica com o facto de os governantes gregos mostrarem o seu orgulho ao anunciar que essas medidas já não são tomadas na Grécia e a reposição gradual dos salários e das pensões cortadas, está já a ser feita, de forma muito gradual.
A Grécia quer voltar aos níveis de rendimentos, salários e pensões que tinham os seus cidadãos antes do início da crise.
Presentemente, da realidade grega, ressaltam algumas curiosidades como sejam o facto de ter os produtos alimentares e de uso diário dos mais caros da UE, comparando com as cidades alemãs de Munique e Berlim, Madrid, Bruxelas ou Lubliana .
No entanto, os preços demonstram estabilidade, não subindo nos anos recentes.
Outro facto é a saída para o exterior de muitos profissionais formados na Grécia, sendo mais dramático para médicos, enfermeiros e biólogos.
O turismo e as exportações foram e continuam a ser fortemente estimulados e está para breve a maior operação de privatização alguma vez feita na Grécia, o Porto de Salonica.